Seis anos depois do lançamento do seu último romance, Memórias de Minhas Putas Tristes, chegará à Espanha e à América Latina, em 29 de outubro, o novo livro de Gabriel García Márquez, Yo no Vengo a Decir un Discurso (eu não venho apresentar um discurso, em tradução livre), coletânea de 22 textos escritos como discursos ao longo de sua vida.
Conhecido por ser um defensor ferrenho da ditadura de Fidel Castro, o Prêmio Nobel de Literatura reuniu na coletânea textos escritos para serem lidos por ele próprio diante de audiências, e que vão desde o produzido quando o escritor quando tinha 17 anos, para se despedir dos companheiros que se formavam no Liceu de Zipaquirá, em 1944, até o lido em 2007, ao completar 80 anos, perante a Academia da Língua e o rei da Espanha.
A frase “eu não venho apresentar um discurso”, escolhida pelo autor para dar título ao livro, foi a advertência feita aos companheiros do Liceu nas primeiras linhas do texto de 1944.
Em Como comecei a escrever, pronunciado já após o sucesso de Cem Anos de Solidão, em 1970, ele previne seus ouvintes de sua aversão a falar em público: “Eu comecei a ser escritor da mesma forma como subi a este palanque: à força”.
Ao receber o Prêmio Rómulo Gallegos por Cem Anos de Solidão, em 1972, o escritor afirma que aceitou fazer duas das coisas que tinha prometido a ele próprio “não fazer jamais: receber um prêmio e proferir um discurso”.
No entanto, a rejeição com imensa facilidade dez anos depois, ao receber o Nobel de Literatura e ter de escrever A Solidão da América Latina.
Segundo a editora, os textos compilados, em sua maioria inéditos, não só sintetizam suas obsessões como escritor, como também recolhem assuntos que o preocuparam como cidadão – de orientação polítca esquerdista -, como os problemas do seu país natal, a Colômbia, a proliferação nuclear e os desastres ecológicos, além do futuro da juventude e da educação na América Latina.
A leitura desses textos levou Gabriel García Márquez a comentar: “lendo estes discursos, descubro novamente como fui mudando e evoluindo como escritor”.
(Com agência EFE)