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Cinzas de Krajcberg ficarão em sítio na Bahia, como ele pediu

Artista de 96 anos trabalhou até dois meses atrás, produzindo obras novas em seu reduto no estado

Por Estadão Conteúdo 15 nov 2017, 21h28

O corpo do artista plástico Frans Krajcberg, que morreu nesta quarta-feira, 15, aos 96 anos, será cremado no Rio, e suas cinzas ficarão no sítio em que morava, em Nova Viçosa, no Sul da Bahia, conforme ele desejava. A amiga Anna Letycia,  com quem ele conviveu nos últimos 60 anos, contou que Krajcberg, que não tinha descendentes, manifestou essa vontade a amigos.

“Ele era um apaixonado pelo Brasil, odiava que falassem que era um polonês naturalizado brasileiro. Queria ser tratado como brasileiro. Adorava aquele lugar, mesmo não tendo nada lá além de seu sítio. Deixou tudo para o governo da Bahia, por escrito, para que terminassem o museu. Lá estão guardadas umas 300 peças”, Anna contou. “Ele trabalhou até o fim, com três ou quatro ajudantes, naturalmente. Estava com vários problemas de saúde, uma doença terrível na pele.”

Erguido com recursos próprios, o Museu Ecológico Frans Krajcberg já funciona informalmente, recebendo curiosos. Pronto, deverá ter cinco pavilhões, dos quais dois já estão construídos: um para abrigar esculturas monumentais, outro para relevos de parede e um terceiro para o setor administrativo. Faltam dois, a serem construídos pelo Estado da Bahia, um para a sua produção fotográfica e outro para servir de entrada.

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Já em 2009 Krajcberg assinara um termo de doação de sua obra à Bahia para ser concretizada após sua morte. A 900 quilômetros de Salvador e a 300 de Vitória (ES), o sítio Natura fica numa área de grande beleza natural, mas distante dos centros consumidores de cultura. O artista vivia e mantinha seu ateliê lá.

“É uma cidade de difícil acesso, mas o resultado é extraordinário. Vale a viagem”, recomendou Marcia Barrozo do Amaral, galerista que o representa no Rio há quase 30 anos. Marcia contou que as investigações artísticas de Krajcberg se mantiveram até pouco antes de ele morrer.

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“Ele era movido pela paixão pela arte e pela natureza. Foi um dos primeiros artistas que se interessaram pela questão ambiental. Trabalhou até dois meses atrás, produzindo obras novas, introduzindo grandes modificações. Não repetia o que já sabia que daria certo. Pesquisou novos materiais, novas formas e cores.”

Desde os anos 1970 escolhera a Bahia para viver. Não saiu da região mesmo com a sequência de cinco assaltos que sofreu, em decorrência dos quais perdeu aparelhos eletrônicos, como TV e máquina fotográfica, roupas, objetos pessoais e dinheiro. Ele chegou a ficar sob a mira de armas. O governo contratou segurança particular para protegê-lo e Krajcberg se sentiu mais tranquilo. Ele também mantinha ateliê em Paris, auxiliado pela prefeitura local, e gostava de produzir por lá no inverno europeu. Só deixou de viajar nos últimos anos de vida, segundo Marcia.

Anna Letycia, que conheceu Krajcberg nos anos 1950, quando ele já estava fixado em definitivo no Brasil, disse que desde então estiveram “muito juntos”. Ela acompanhou sua internação no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e no Samaritano, no Rio. “Guardo muitas recordações, no Rio, na Bahia, em Paris. Ele adorava festa e pensava já na comemoração do aniversário (de 97 anos, em abril do ano que vem). Já tinha planejado que a festa seria no Rio.”

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