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Carlinhos Brown apoia causa gay, mas pede cautela com ‘excessos’

Para cantor, que relança ‘A Namorada’ e vai para a Parada Gay de Madrid, casais do mesmo sexo devem se beijar em público, mas sem expor a intimidade

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jun 2017, 17h55 - Publicado em 17 jun 2017, 17h01

Nos anos 1990, Carlinhos Brown estourou com um hit sobre uma namorada que… tinha outra namorada. O caso da música A Namorada, diz ele, é baseado em uma história que viveu, quando era garoto e vendia picolé na porta de uma escola, em Salvador. Carlinhos conheceu a filha da diretora do colégio, com quem namorou até descobrir que ela tinha uma parceira. O caso ilustra também, segundo o cantor, o seu apreço pela temática LGBT, causa que ele apoia e para a qual fez uma nova música, Orgulho de Nós Dois, que será lançada na Parada Gay de Madrid, dia 2 de julho – para a Parada Gay de São Paulo, diz nunca ter sido convidado. “Essa é uma causa que sempre mereceu respeito.” Simpatizante, ele afirma ver avanços na realidade da comunidade gay, “mas também excessos”. “Uma coisa é você assumir qualquer desejo seu sexual, outra coisa é um cuidado com a sua sexualidade, respeitar a sua intimidade”, diz ele em entrevista a VEJA. Confira abaixo:

Por que a temática gay o inspira? É qualquer temática humana de proteção. Da mesma forma que eu cuido de crianças e de pessoas que são consideradas apartadas da sociedade, eu também dou voz ao velho, ao gay, ao menor desamparado, ao drogado. Então, eu fui preparado, esse babalorixá que está aqui, para o cuidado, não apenas por uma causa. E essa é uma causa que sempre mereceu respeito. De onde eu venho, muitas pessoas foram maltratadas e desrespeitadas. Eu nasci um pouco para fazer essa delação do bem, de que é necessário respeitar o outro. Eu acredito que os LGBT têm ensinado muita gente a ter orgulho de si mesma, do seu país, da sua vida, a olhar as coisas para frente. Já é cafona tratar desse assunto como algo menor, como algo de coitado, já foi, já está na hora de virar essa página.

Acredita que avançamos bastante nessa área ou ainda falta muito? Houve muitos avanços, mas também tem excessos. A sexualidade precisa ser respeitada… Uma coisa é você assumir qualquer desejo seu sexual, outra coisa é um cuidado com a sua sexualidade. Você sendo ou não gay, você precisa também respeitar o ambiente onde você está. Não é uma aberração dois homens se beijando, duas mulheres se beijando, o que talvez seja uma aberração é o fato de você não respeitar a sua intimidade, quando aquilo torna-se exagero, e é isso que provoca o escárnio, que provoca a briga, que provoca a encrenca e, claro, há de ter um mistério no amor.

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Como surgiu o convite para participar da Parada Gay de Madrid?  Acho que surgiu por causa do meu discurso, que é conhecido em Madrid, e pelo fato de eu ter feito o Carnaval lá e por ter sido incrível, com mais de 1 milhão de pessoas, em 2005. Foi incrível porque eles tinham uma festa do lado que também estava juntando muita gente e, de repente, eles resolveram participar da nossa festa, e viram que a festa era deles, sobretudo no discurso, quando eu falei da igualdade… Aquilo foi muito forte e eu passei a ganhar muito mais respeito em Madrid e na Espanha, justamente por isso. E os ensinamentos, as lições, ficaram em todos nós. Então os caras disseram: ‘Venha, Carlinhos’ —  e pediram que fizesse a música. Por isso, Madrid foi escolhida para ser a capital LGBT.

Você virá à Parada Gay de SP, também? Pela Parada Gay de São Paulo, eu nunca fui convidado a participar.

É verdade que A Namorada foi inspirada em uma história real, que você perdeu uma namorada para outra garota? Sim, claro que foi inspirada numa história real. Eu namorava alguém que eu adorava, adoro até hoje, pessoa maravilhosa… Ela usava um chapéu e ela estava me dando a atenção que podia não ter dado porque eu vendia picolé na porta da escola, na qual a mãe dela era diretora. A grande gozação é que quando eu entrei e fui chamado para tocar no festival da escola, eu deixei de ser o cara do picolé e a aquilo me ajudou muito, porque eu disse: ‘Pôxa, a música me dá um upgrade que eu não imaginava que eu tinha’. Eu passei a ser cortejado, respeitado. O pessoal falava: ‘Pow, o cara do picolé toca pra caramba’. E me engracei com essa menina que, por sua vez, não tinha preconceito, porque ela era classe média e namorava um cara assim. Mas depois eu descobri, e ela mesmo me falou, o que a mãe dela não entendia muito… Mas eu namorei com aquela mulher linda e todo mundo tinha ciúmes. Só que eu não gostava quando as pessoas ficavam tocando aquela música do Chacrinha, e foi por isso que eu fiz para defender ela. Eu disse: ‘Olhe, tem irmão grudado em sua cola, na porta da escola’. Porque eu sabia de tudo na porta da escola, eu era vendedor, eu sabia tudo. Só que eu não esperava que isso fosse acontecer. Caetano foi quem conheceu até com uma outra gravação essa música, ele adorava a gravação, e quando eu fiz meu primeiro disco, eu gravei, mas não esperava que fosse acontecer. A música explodiu, foi um grande hit mundial.

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