Brasília, 14 abr (EFE).- A primeira edição da Bienal do Livro e da Leitura de Brasília, que reuniu autoridades políticas e culturais, como o Nobel nigeriano de literatura Wole Soyinka, começou neste sábado com uma cerimônia marcada pelo protesto de professores da rede pública.
O ato, realizado no mesmo local onde ocorre a Bienal – um espaço situado na esplanada dos Ministérios de Brasília -, começou ao som do hino nacional brasileiro, cantado com devoção pelos manifestantes, e foi seguido pelos discursos das autoridades.
O secretário de Cultura do Governo do Distrito Federal, Hamilton Pereira, defendeu a importância do ‘diálogo entre a cultura brasileira e suas raízes, particularmente a africana’, e disse que este era um momento de ‘extraordinária importância para a cultura’ e para a capital do país.
No entanto, suas palavras foram constantemente interrompidas pelas palavras de ordem emitidas pelos manifestantes, que gritavam (‘sem professor não há educação’) e exibiam cartazes em que se poderia ler: ‘Agnelo, cumpre o acordo’, em referência ao chefe do Governo regional, Agnelo Queiroz.
Os professores de ensino médio da rede pública, que estão há 34 dias em greve, invadiram a Bienal para exigir um reajuste salarial gradual até 2014, entre outras reivindicações.
A cerimônia da Bienal de Brasília também contou com a participação do presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, assim como Wole Soyinka, que foi recebido com sonoros aplausos.
O escritor nigeriano chegou a ironizar os contínuos gritos dos manifestantes ao comentar que ‘nunca poderia imaginar que seus livros despertariam tanto entusiasmo’.
Soyinka, que recebeu o prêmio Nobel em 1986, manifestou sua satisfação em voltar ao Brasil, país que considera seu ‘segundo lar’ devido às raízes africanas da cultura brasileira.
Dramaturgo, romancista e ensaísta, o escritor nigeriano será homenageado esta noite com uma cerimônia no Museu Nacional de Brasília. EFE