Beijo gay foi mais ousado que cena de sexo vazada de Marquezine
Sequência em que dançarina vivida pela atriz vai para a cama com personagens de Daniel Oliveira e Leticia Colin foi ao ar nesta terça
Tamanho o burburinho provocado pelo vazamento de uma cena da série Nada Será Como Antes, da Globo, em que a atriz Bruna Marquezine protagoniza momentos quentes com Daniel de Oliveira, o ricaço que banca a TV do visionário Saulo (Murilo Benício) e transforma a dançarina de cabaré interpretada por Bruna em estrela do canal, era de se esperar algo da linha de Calígula, o clássico pornô. Ou, vá lá, de uma sessão do Cine Privê, o extinto programa de filmes eróticos da Band. O que se viu no ar, no fim da noite desta terça, no entanto, foi ainda mais light que a atração dos anos 1990.
Enquanto Saulo corria atrás de seu grande amor, Verônica (Débora Falabella), e o reconquistava, o público acompanhava o avanço de Beatriz na vida amorosa dos irmãos Otaviano e Júlia. Depois de seduzir o empresário, a dançarina percebe o ciúme da irmã, e parte para cima dela: primeiro com um “beijo americano”, um estalinho ligeiro, em seguida com um “beijo francês”, do qual o público só teve uma alusão.
A cena, apesar de meramente sugestiva, foi talvez mais ousada que a sequência do lelelê de Beatriz e Otaviano, que teve mais conversa do que ação. Papo de conteúdo erótico, é verdade, mas papo: Beatriz pede que Otaviano “beije” as suas partes íntimas, o que ele diz nunca ter feito. E, quando estreia na função, por assim dizer, novamente o público fica mais com uma alusão ao ato do que com o ato em si. Uma escolha elegante de Guel Arraes, sem dúvida: as imagens mais fortes foram exibidas pela fresta de uma porta entreaberta, por onde Júlia, como voyeur, observa todo o rala-e-rola do irmão com a dançarina. Foi rápido e restrito — a imagem do sexo oral escapava pelo curto vão entre a porta e o batente.
Quando vazada, duas semanas atrás, a cena de Bruna Marquezine parecia prometer muito mais do que o capítulo entregou. Indignada, a Globo anunciou que procuraria e puniria o culpado pelo vazamento da sequência, que a bem da verdade ajudou a divulgar a série. E era mesmo de se esperar imagens mais ousadas: a faixa das 23h tem sido ocupada por tramas fortes e picantes desde o remake de O Astro (2011), com cenas de pegação entre Rodrigo Lombardi e Carolina Ferraz, passando por Verdades Secretas (2015), sobre modelos que se prostituem, e Justiça, a ótima série de Manuela Dias, marcada especialmente por dramas pessoais, neste ano.
A sequência desta terça-feira, vale dizer, segue a linha comportada da série de Arraes e Jorge Furtado, em que predomina o clima romântico que embalou a aventura dos televisionários, como Furtado chama os que apostaram na força da televisão e batalharam para implementá-la no país. O que também ficou no ar, e pode ajudar a colocar fogo no triângulo amoroso formado por Bruna, Letícia e Daniel Oliveira, a partir da próxima semana, é a possibilidade de um incesto que se desenha no horizonte da história. A ver.