Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Atores lembram como foi a montagem brasileira de 1969

Por Da Redação
24 out 2010, 11h13

“Eu achava que, pela posição em que eu ficava pelado, na quinta fileira, não devia estar com essa bola toda. O Antonio Pitanga, por exemplo, ficava na primeira”, conta Ney Latorraca

Fenômeno absoluto desde que chegou aos palcos da Broadway em abril de 1968, o musical Hair ganhou, a partir de então, inúmeras montagens mundo afora, embaladas pelo grito de paz e liberdade – o espetáculo se colocava claramente contra a Guerra do Vietnã – pela entusiasmada defesa do amor livre e pelo posicionamento aberto em relação ao uso de drogas, em especial a maconha e o LSD.

No Brasil, a história que apresentava hippies politicamente ativos em sua luta contra o recrutamento militar ganhou os palcos em outubro de 1969 e ficou mais de dois anos em cartaz, tempo suficiente para que elencos numerosos se revezassem tanto nos papéis principais quanto nos coadjuvantes. Astros hoje consagrados, mas na ocasião iniciantes, como Sonia Braga, Ney Latorraca e Antonio Fagundes, integraram a versão brasileira do musical, dirigida por Ademar Guerra durante a ditadura militar e com Aracy Balabanian, Altair Lima e Armando Bogus nos papeis principais.

Nuno Leal Maia, Carlos Alberto Riccelli, Antonio Pitanga, Denis Carvalho e muitos outros também tiveram a oportunidade de integrar a tribo de hippies da Era de Aquário e desancar símbolos religiosos e familiares. Hoje veteranos, comemoram o anúncio de que uma nova versão brasileira de Hair, montada pelos diretores Charles Moeller e Claudio Botelho, voltará aos palcos, a partir 5 de novembro, no Teatro Oi Casa Grande, e lembram histórias curiosas da incensada montagem do passado.

Continua após a publicidade

“Eu achava que, pela posição em que eu ficava pelado, na quinta fileira, não devia estar com essa bola toda. O Antonio Pitanga, por exemplo, ficava na primeira”, observa, com o humor habitual, Ney Latorraca, lembrando da célebre cena de nudez do elenco que encerra o primeiro ato do espetáculo. Segundo o ator, quando as luzes se apagavam, todos seguiam nus para um banho coletivo: “Um chuveirão foi colocado nos bastidores e era para lá que íamos nos refrescar, terminado o primeiro ato. Era muito bacana isso, uma delícia”. Para Fagundes, as recordações também são prazerosas: “Entrei substituindo o Altair (Lima, também produtor do espetáculo) e em apenas dois dias já estava em cena, fazendo tudo o que tinha a ser feito: cantar, dançar, ficar nu. Foi uma surpresa para todo mundo e muito divertido de fazer”.

Sonia Braga – Na ocasião, Sonia Braga era uma jovem de 18 anos que chamou a atenção entre os jovens hippies da tribo. Fagundes tinha 20, mas já era profissional há três. “Muita gente boa que passou por lá foi alçada ao estrelato. Aquela era a minha geração. Ali, estava tudo misturado: o movimento hippie, a efervescência de maio de 68. O Hair não perde a atualidade, pois os americanos continuam em guerra”, atesta. Se para Fagundes o movimento hippie não chegou a influenciá-lo na vida real, com Ney Latorraca a história foi diferente: “Eu ficava na porta do teatro cantando e vendendo bichinho de pelúcia, que eu mesmo fazia. Meu cabelo era até a cintura, eu usava coleira”, lembra o ator, que integrou a trupe de Hair de 1969 a 71 e, durante as temporadas cariocas, se acomodava numa vaga na Rua Teixeira de Mello, em Ipanema. “Ganhei tanto dinheiro com o musical que, quando voltei para São Paulo, dei entrada num apartamento de quarto e sala”, entrega.

A relação com Sonia Braga é capítulo à parte nas recordações de Latorraca: “Ela me deu muita força quando voltamos a São Paulo e peguei um dos papeis principais, o Claude. Era semana de Carnaval e mesmo assim Sonia ficou comigo no teatro fazendo todas as marcações. Isso não tem preço”, emociona-se. Da emoção para o humor, Ney Latorraca lembra um dos mais curiosos episódios daquele Hair. “Eu passei a colocar um caco: pedia um momento para dedicar ao Roberto Carlos, como se ele estivesse na plateia. Era mentira. Fui fazendo isso até ganhar uma advertência do Ademar (Guerra, diretor). Eis que um dia eu falei e o Roberto Carlos realmente estava na plateia, com a antiga mulher dele, a Nice. Não tive dúvidas: desci e fiz foto com eles”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.