Ariani Malouf sagra-se chef do ano por VEJA COMER & BEBER CUIABÁ
Cozinheira está à frente do Mahalo, também premiado pelo júri como o melhor restaurante da capital mato-grossense
A fartura da mesa libanesa e o talento da mãe Leila como cozinheira foram as primeiras motivações para Ariani Malouf trilhar os caminhos da gastronomia. Aos 37 anos, a chef e seu restaurante, o Mahalo, são referências no cenário gastronômico do país. No dia a dia, como uma das herdeiras do bufê Leila Malouf, Ariani ajuda a dar vida a impressionantes 2 000 eventos anuais, de pequenos encontros sociais a banquetes corporativos. Ainda assim, ela encontra tempo para estar sempre presente na cozinha do restaurante, que é de fato o seu laboratório de criação. Formada em hotelaria, Ariani passou por cozinhas de hotéis paulistanos, entre eles o Renaissance e o Sofitel, antes de seguir para a França, onde estudou na renomada escola Le Cordon Bleu e estagiou em casas estreladas pelo Guia Michelin, na França, Itália e Alemanha. “Isso me ajudou a definir os três pilares da minha cozinha: a técnica francesa, a valorização do ingrediente regional e o toque libanês que faz parte da minha história”, diz. Depois da volta definitiva a Cuiabá, para abrir o Mahalo, em 2006, a chef passou a explorar ainda mais as raízes na cozinha local. O ponto de partida para essa descoberta foram períodos de imersões em regiões pantaneiras e do Cerrado que ela ainda não conhecia. Em viagens do tipo, preza o contato com pequenos produtores de bocaiuva, um tipo de coquinho, rapadura com mamão verde e até de requeijão produzido no Pantanal, que logo deve despontar em alguma receita do cardápio. “Mais que de inspiração, minhas criações vêm do estudo de referências e da pesquisa de novos ingredientes”, define. O intercâmbio com outros chefs também tem papel importante: desde o ano passado, Ariani investe no projeto “Mahalo convida chefs do Brasil”, que traz cozinheiros de outros estados para acompanhá-la no Pantanal, na presença de um biólogo, e termina com um menu degustação criado a quatro mãos para o seu restaurante. Já participaram os chefs Léo Paixão, de Belo Horizonte, e Marcelo Schambeck, de Porto Alegre. Os próximos convidados serão o casal Janaina e Jefferson Rueda, dos paulistanos A Casa do Porco e Bar da Dona Onça. Para dar conta de tantas atividades, Ariani não nega ajuda – e, diferente de alguns chefs, faz questão de reconhecê-la. Em sua maioria, a equipe do Mahalo é longeva, com pelo menos cinco anos de casa. A chef também gosta incluir os cozinheiros, como Kauan Dalmolin e Maicon Santana, responsáveis na sua ausência, nas criações do cardápio. Três a quatro vezes por ano, eles se reúnem no apartamento dela e passam dias nesse processo. “Uma equipe robótica e estática não me interessa. Quem cresce e se desenvolve junto se mantém motivado”. Esse, certamente, é um dos ingredientes responsáveis pelo sucesso da premiada cozinheira.