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Uma revolução na China rural

Um programa que leva excelência por meio do ensino à distância a escolas em vilarejos está alargando o horizonte de milhares de crianças chinesas

Por Monica Weinberg
1 dez 2017, 15h27

No ranking mundial da educação, Xangai está lá no topo. Mas o resultado não espelha a realidade do cinturão rural da China, tomado de pequenas escolas onde um único professor dá conta, como pode, do recado. Muitos são versados em apenas uma ou duas disciplinas e os alunos ficam restritos a um reduzido horizonte. Em meio a esse cenário de escassez em minúsculos vilarejos sem destaque no mapa, uma experiência vem garantindo a crianças pobres desde os 5, 6 anos acesso ao ensino dado pelos melhores professores do país. O que parecia altamente improvável só foi possível com o uso da internet. As aulas são à distância.

Seguindo a regra chinesa dos números superlativos, o projeto, batizado de Hu+, chega hoje a 2 000 escolas de trinta províncias alcançando 1 milhão de estudantes – isso em dois anos. O sistema que leva a qualidade a essas regiões esquecidas é muito simples: as aulas são transmitidas via internet e apresentadas em telas de TV. Uma mesma lição é vista em várias escolas ao mesmo tempo. E assim as crianças passaram a estudar pela primeira vez inglês, artes, ciências – matérias que muitos professores da zona rural não estavam preparados para ensinar.

A primeira imagem que vem à mente ao pensar na garotada em frente à TV é de uma turma agitada, sem disciplina nem atenção, meio que recreio. Mas não. Os alunos ficam fascinados pela boa aula, até mesmo os mais novos, que participam ativamente. “Eles estão habituados à obter informações na TV e, mais do que isso, entendem desde cedo que têm uma oportunidade que seus pais ou avós não tiveram”, diz o jovem bilionário chinês Arnold Fu, 38 anos, dono da maior empresa de educação online do mundo, a Hujiang — o idealizador da inciativa. Em Doha, no Catar, onde esteve recentemente para dar uma palestra sobre o programa no Wise, congresso que reúne educadores do mundo todo, acompanhava em tempo real no celular as aulas que estavam sendo transmitidas naquele instante em escolas rurais de seu país.

Arnold Fu, o criador bilionário: seu projeto já alcança 1 milhão de crianças (Divulgação/VEJA.com)

O sucesso, medido pelo avanço dos alunos, não é obra apenas de uma aula na TV. Fu conseguiu atrair os grandes nomes da docência para o projeto: eles doam uma hora da semana, às vezes mais. Já são 10 000 os voluntários. Numa outra frente, eles treinam – também à distância – os professores desses lugarejos. Uma das lições é sobre o manuseio e as possibilidades do computador e da internet para a educação. Afinal, no tempo em que se dá a aula tradicional nessas escolas, com mestre e aluno frente a frente, são eles que conduzirão o aprendizado, fazendo uso da tecnologia. “Quando o professor não domina o básico neste campo, o dinheiro gasto em tecnologia será jogado fora”, enfatiza Fu.

Se está dando certo na China, é de se esperar que tenha potencial para ganhar escala em qualquer outro lugar. Mas o programa não se move apenas pelo voluntariado – e quem quiser se inspirar nele deve prestar atenção aí. Na parte da infraestrutura, o governo chinês investiu em banda larga inclusive nas áreas mais distantes, condição fundamental para as aulas online. Também empresários se envolveram, doando equipamentos que permitem ao aluno continuar a estudar quando chega em casa, via tablets e celulares.

A incursão de Fu na educação se deu inicialmente pelo próprio tédio que a escola convencional lhe despertava. Formado em finanças e relações internacionais, achava que havia uma trilha mais divertida no mundo online. Hoje, atende 1,6 bilhão de alunos com sua plataforma paga, atraindo 100 000 novos usuários por dia. A esta plataforma, aliás, os alunos mais pobres da zona rural também têm acesso. Países africanos andaram procurando Fu para saber como implantar a ideia . Ele, por sua vez, quer se expandir pela vasta zona rural chinesa. As crianças, que ganham com isso uma janela para o futuro, agradecem.

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