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Pela primeira vez, Fapesp torna públicas fraudes em pesquisas científicas

Primeiras denúncias envolvem cinco pesquisadores e incluem plágio e fabricação de dados. Órgão diz que vai continuar investigando outras irregularidades

Por Da Redação
8 out 2014, 16h40

Cinco casos de fraude em pesquisas científicas – incluindo plágio e fabricação de dados – foram divulgados pela Fapesp, fundação pública que financia pesquisas no Estado de São Paulo. Desde o lançamento do Código de Boas Práticas Científicas, em 2011, é a primeira vez que a instituição expõe conclusões de investigações. A divulgação das fraudes deve continuar, conforme forem apuradas. A medida é inédita no Brasil.

Os casos publicados envolvem os pesquisadores Andreimar Soares, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP; Cláudio Airoldi, do Instituto de Química da Unicamp; Flávio Vilela, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP; Javier Amadeo, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; e Antonio José Balloni, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer. A Fapesp estabelece que o sumário dos casos ficarão expostos publicamente de três meses a cinco anos, dependendo da gravidade da violação de boas práticas científicas.

O código da Fapesp determina a investigação rigorosa de denúncias de fraude e prevê que seja feita sob sigilo, para preservar a reputação dos suspeitos. Mas, quando a má conduta é comprovada, para coibir esse tipo de prática, a Fapesp expõe publicamente as conclusões do processo, divulgando os nomes, instituição dos pesquisadores, a descrição do trâmite e a punição imposta.

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Ciência à prova de erros – e fraudes

Javier Amadeo, atualmente professor da Unifesp, disse que não houve má conduta científica, mas um erro de citação.Ele teria reproduzido sem aspas cerca de 30 linhas do livro As Revoluções do Poder, de Eunice Ostrensky. “Foi um erro que não comprometeu os resultados da pesquisa, como a própria Fapesp reconheceu quando aprovou os relatórios científicos. Essa alegação nunca foi respondida”. Os demais pesquisadores não comentaram o caso.

Para Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a iniciativa da Fapesp de divulgar os casos investigados é correta. “Uma vez que foi dado direito de ampla defesa aos acusados, acho que a Fapesp tem a obrigação social de divulgar esses casos, já que ela financia a pesquisa com recursos públicos”. Segundo ela, além de contribuir para coibir as fraudes, a divulgação das irregularidades é uma maneira de mostrar ao contribuinte que o uso dos recursos públicos está sendo fiscalizado. “É preciso defender a integridade científica acima de tudo.”

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De acordo com o pró-reitor de pesquisa USP, José Eduardo Krieger, a instituição apoia a iniciativa e também tem mecanismos para evitar a fraude científica. “Mas a notoriedade transitória dos raros casos de fraude científica não pode ser confundida com o sucesso e os resultados do ensino da USP.”

Sérgio Pena, um dos autores do guia Rigor e Integridade na Condução da Pesquisa Científica, da Academia Brasileira de Ciências (ABC), afirma que a iniciativa é excelente para a ciência brasileira. “É importante que os recursos para pesquisa não caiam em mãos erradas. A divulgação dos nomes ajudará a coibir as violações de boas práticas”. Ele acredita, no entanto, que as investigações atingirão apenas uma pequena parte das fraudes.

(Com Estadão Conteúdo)

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