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Ninguém segura Singapura

O que que o país número 1 no ranking mundial do ensino tem

Por Maria Clara Vieira Atualizado em 6 dez 2016, 16h08 - Publicado em 6 dez 2016, 08h02

Conjunto de 63 ilhas onde vivem 6 milhões de pessoas, a pequena Singapura vem perseguindo há décadas o topo do ensino com obstinação tipicamente asiática. Em 1960, patinava em patamar semelhante ao de países africanos. No ranking que a OCDE (a organização dos países mais desenvolvidos) divulgou hoje alcançou três pódios do ensino: em ciências, matemática e leitura. Chegou lá sem nenhum pudor em copiar o que dá certo em outros lugares nem se deixar levar pelo que é mais vistoso. Singapura fez o básico. Ainda que guardadas as diferenças de tamanho e cultura, vale ao Brasil – no pelotão de trás – observar.

O primeiro passo em Singapura foi fazer da carreira de professor uma das mais atraentes do país. Os jovens mestres de lá ganham tanto quanto os iniciantes na engenharia. O salário funciona certamente como um incentivo para que os melhores alunos se interessem pela profissão: formam-se professores aqueles 30% que obtêm as notas mais altas no ensino médio; os outros não são sequer aceitos no prestigiado Instituto Nacional de Educação de Singapura. Mas não é só o dinheiro que move jovens talentos à pedagogia. Eles têm à frente uma carreira impulsionada pela meritocracia – quem ensina bem recebe mais – e admirada nacionalmente.

Também não se vê invencionice na sala de aula. Em Singapura há laboratórios para desenvolver novas formas de ensinar e laboratórios para testá-las. Existe ali uma forte ideia de que dar aula é uma ciência como qualquer outra: exige método, rigor, estudo, repetição, e não apenas dom ou criatividade. Neste ambiente, bons alunos aprendem a se tornar bons professores. À ciência junta-se a prática de sala de aula: aspirantes à docência passam um bom tempo de sua formação ensinando estudantes sob a tutoria dos mais experientes. Diferente do Brasil, onde as faculdades de pedagogia primam pela teoria e se perdem em crenças sem respaldo na realidade.

Como em vários países asiáticos, Singapura quer formar gente capaz de produzir ciência e inovação — e outros rankings, aqueles voltados para a inovação, provam que estão conseguindo. Por isso incentiva desde cedo o aluno a fazer pesquisa e a se familiarizar com certos conceitos que mais tarde irão aprofundar. Os que se saem melhor são fisgados para trabalhar lado a lado com acadêmicos na universidade, o que vai sedimentando sua aptidão. Grandes cientistas viram ídolos. Prêmios Nobel são celebridades.

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O Brasil, que está em pleno processo de organizar o seu primeiro currículo nacional, pode extrair pelo menos uma lição de Singapura e de outros países asiáticos que estão entre os melhores do mundo na educação, como Japão e Coreia do Sul: quantidade atrapalha; o caminho é procurar se ater ao essencial. No Japão, isso significou cortar 30% da grade fixa de matérias. Em Singapura, aprende-se em torno de 25% da matemática apresentada aos brasileiros. O resto é disciplina, avaliação, apreço pela escola – o elementar. O ranking do Pisa não deixa dúvidas sobre quem está certo.

 

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