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Mais da metade dos adolescentes brasileiros já provou bebida alcoólica

Pesquisa do IBGE feita com estudantes mostra ainda que 31,7% deles tomou a primeira dose com 13 anos ou menos, e 21,8% tiveram episódios de embriaguez

Por Pollyane Lima e Silva
19 jun 2013, 10h23

Álcool, cigarro e outras drogas estão presentes desde o início da adolescência da metade dos brasileiros. Um estudo divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que mais da metade (50,3%) desses jovens já tomou ao menos uma dose de bebida alcoólica – o que corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça ou uísque. A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2012 entrevistou 109.104 estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental (antiga 8ª série), de um universo de 3.153.314, grupo no qual 86% dos integrantes têm entre 13 e 15 anos. As meninas são maioria na hora de experimentar: 51,7%, ante 48,7% entre os meninos. Os pesquisadores perguntaram, apenas aos entrevistados com 15 anos, quando havia sido a primeira experiência com bebida, e 31,7% deles responderam que a primeira dose veio antes dos 13 anos.

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Também foi investigado o consumo habitual de álcool entre esses adolescentes, e 26,1% deles disseram ter bebido nos 30 dias anteriores à pesquisa, com uma participação equivalente de meninos e meninas. A forma como se consegue a bebida pode explicar o alto consumo por parte das adolescentes do sexo feminino. Cabe aos meninos, em geral, comprar o produto: 21,9% deles adquirem o álcool em mercados, lojas, bares ou supermercados – apesar de a legislação do país proibir a venda para menores de 18 anos. Elas, por sua vez, ganham sua dose geralmente em festas (44,4%) ou encontros com amigos (23%). Mas um dado que chama a atenção também é que 10,2% do total encontra bebida na própria casa.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lembra que “o consumo excessivo de bebida alcoólica na adolescência está associado a insucesso escolar, acidentes, violência e outros comportamentos de risco, como tabagismo, uso de drogas ilícitas e sexo desprotegido”. Parte dessas consequências também está comprovada no estudo do IBGE. Entre os jovens que bebem regularmente, 21,8% já protagonizaram algum episódio de embriaguez. A proporção é maior entre os estudantes da rede pública (22,5%) do que das escolas privadas (18,6%). Considerando apenas as capitais brasileiras, houve um aumento neste índice, de 22,1% em 2009 para 24,3% em 2012. Além disso, 10% deles revelam que já tiveram problemas com família ou amigos, que faltaram às aulas ou que se envolveram em brigas por causa do álcool.

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Cigarro – A OMS também destaca que grande parte dos adultos inicia maus hábitos ainda na adolescência. O cigarro é um exemplo clássico. A PeNSE 2012 mostrou que 19,6% dos jovens entrevistados já fumou pelo menos uma vez. O índice é maior entre os estudantes de escolas públicas (20,8%) do que na rede privada (13,8%). Considerando-se somente as capitais, o porcentual sobe para 22,3%, mas representa uma pequena redução em relação ao estudo de 2009, quando o registrado foi 24,2%. “Isso nos permite constatar que o consumo de cigarro é maior nas grandes cidades do que no interior do país”, enfatiza Marco Antônio de Andreazzi, gerente de Estatísticas de Saúde do IBGE.

Na comparação com um levantamento internacional feito pela OMS, porém, o Brasil aparece abaixo da média verificada em 41 países da Europa e América do Norte. A Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (HBSC, na sigla em inglês), feita também em 2012, mostra que 24% dos jovens de 15 anos experimentaram cigarro com idade igual ou inferior a 13 anos. No Brasil, esse índice ficou em 15,4%. Já os fumantes considerados habituais no país representam 5,1% do total de adolescentes que respondeu ao estudo do IBGE. E esse número pode ser ainda maior se considerados outros derivados do tabaco, como cigarro de palha, charuto e o popular narguilé: 4,8% dos estudantes se dizem consumidores regulares desses produtos.

O mau exemplo, muitas vezes, é visto na própria família, apontado na pesquisa como “fator de risco ou de proteção para o consumo do tabaco”. No Brasil, 59,9% disseram conviver com quem fuma e 29,8% têm pelo menos um dos responsáveis fumante. Em ambos os casos, as meninas são mais vulneráveis do que os meninos, e os adultos viciados estão mais presentes entre os alunos de escolas públicas do que de privadas. E desde cedo descobrem que não é fácil se livrar da dependência da nicotina. Entre os jovens que fumaram nos 12 meses anteriores à pesquisa, a grande maioria (65,4%) já tinha tentado largar o cigarro.

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Entorpecentes – O caminho às drogas ilícitas também é aberto nesta fase. Maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança perfume e ecstasy já foram usados por 7,3% dos adolescentes. Neste caso, a participação dos meninos é maior (8,3%) do que a das meninas (6,4%), mas o índice continua mais elevado entre os estudantes da rede pública (7,5%) do que da privada (6,5%). Considerando apenas os entrevistados de 15 anos de idade, 2,6% começaram a usar alguma dessas drogas antes dos 13. Assim como observado no caso do cigarro, o porcentual também sobe, para 9,9%, no recorte das capitais brasileiras – e neste ponto, houve aumento de 1,2 ponto porcentual em relação a 2009.

O estudo também reforça a alta popularidade da maconha. Entre os adolescentes brasileiros que disseram ter usado droga ilícita ao menos uma vez na vida, 34,5% fumaram maconha. É mais do que o dobro do índice verificado no estudo HBSC, da OMS, segundo o qual 17% dos jovens de 15 anos entrevistados em 41 países afirmaram ter provado maconha. Já o crack foi experimentado por 6,4% desses jovens. De todos os estudantes entrevistados, 0,5% disseram ser consumidores atuais da pedra. “Esse índice representa mais de 15.760 adolescentes, o que é bastante expressivo, considerando-se que o crack é uma droga muito agressiva”, destaca Andreazzi.

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Sexo – A iniciação sexual também acontece cedo: 28,7% dos estudantes não eram mais virgens na data da PeNSE (realizada entre abril e setembro de 2012). Entre os meninos, a proporção é duas vezes maior do que no grupo de meninas – 40,1% ante 18,3%. A pesquisa mostra que, se o sexo começa cedo, pelo menos a preocupação com o sexo seguro não está esquecida. Setenta e cinco por cento afirmam ter usado preservativo na última relação sexual, índice que se manteve praticamente inalterado na comparação com o levantamento anterior. A orientação sobre o tema também se mostra satisfatória. Quase 90% dos entrevistados disse ter recebido informações sobre doenças sexualmente transmissíveis e aids na escola, tanto na rede pública quanto na privada.

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