Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Grupo liberal desaloja esquerda do DCE da UnB

Vitória histórica no Diretório Central dos Estudantes ocorre no momento em que a reitoria da universidade é comandada por petista radical

Por Gabriel Castro
28 out 2011, 13h07

A hegemonia da esquerda no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília (UnB) foi quebrada de forma surpreendente nas eleições concluídas nesta quinta-feira. A chapa Aliança pela Liberdade, uma nota dissonante entre outras sete alinhadas aos ideais socialistas, foi a vencedora. Com 1.280 votos (22% do total) no turno único da disputa, os novatos derrotaram, de uma só vez, representantes de PT, PCdoB, PDT, PSB, PSTU, PSOL, PCO e PCB. Foi a primeira vitória de um grupo não-esquerdista desde que o DCE da universidade foi revitalizado, em 2000.

A chapa rechaça o rótulo de conservadora, aplicado pejorativamente pelos adversários: “Isso é absurdo. Somos liberais”, diz André Maia, presidente do grupo. Mas talvez a melhor palavra para definir a Aliança pela Liberdade seja pragmatismo. Os integrantes da nova diretoria são alunos dos cursos de Direito, Economia, Administração e Engenharia. E defendem melhorias concretas na estrutura da universidade. As propostas da chapa não tratam da reforma agrária, da destruição do capitalismo global ou da defesa de Fidel Castro. Tratam, isso sim, de propostas de interesse real dos alunos: o aumento da segurança, o incentivo a parcerias com fundações privadas e a melhoria na gestão da burocrática instituição de ensino.

Os novos comandantes do diretório não são militantes profissionais, alimentados com recursos de partidos políticos. “O nosos foco é a sala de aula. São os projetos de extensão, a pesquisa. Tem estudante que quer salvar o mundo ? Não somos contra. O problema é prioridade” resume André Maia. A vitória da Aliança pela Liberdade cria um cenário raríssimo: o comando do DCE tem um perfil mais moderado do que a reitoria. Na UnB, aliás, a entidade que representa os servidores também está nas mãos de um grupo que se opõe à gestão de José Geraldo de Souza – um dos fundadores do PT. A guinada tem relação direta com o momento político vivido pela universidade.

Antecedentes – Em 2008, imerso em irregularidades na gestão da UnB, o reitor Timothy Mullholland deixou o cargo, pressionado por estudantes que ocuparam a reitoria por duas semanas seguidas. Às vésperas da nova eleição, representantes de professores, funcionários e alunos concordaram em utilizar o voto paritário – um acordo informal, que não existia nas regras da universidade e desrespeitava a Constituição. Nesse novo formato, o voto de cada categoria tem peso de 1/3 no cálculo final. Pela legislação, os professores deveriam representar 70% do peso nessa conta, ante 15% de funcionários e 15% de alunos.

Pela regra natural, ganharia Márcio Martins. Como houve a alteração das normas, José Geraldo de Souza saiu vencedor.O petista havia apoiado abertamente a invasão da reitoria, e obteve dividendos políticos de sua aliança com as diferentes matizes esquerdistas do movimento estudantil. Bastaram alguns meses de gestão para desmoralizar José Geraldo e seu grupo. Como VEJA tem mostrado, o reitor implementou uma política de perseguição ideológica dentro dos campi, criou um tribunal de exceção ilegal e afrouxou a fiscalização sobre o uso de drogas no espaço da Universidade.

Continua após a publicidade

Como o voto é facultativo e, tradicionalmente, menos de 20% dos alunos vão às urnas, a vitória da chapa liberal não significa que os grupos de esquerda perderam eleitores. O que ocorreu foi o aumento da participação de alunos comuns, que nunca militaram no movimento estudantil mas decidiram participar do pleito. Prova disso é o total de votos, cerca de 5.800 – o dobro do registrado um ano antes.

Os novos responsáveis pelo DCE da UnB, que tomam posse na semana que vem, não devem ter vida fácil no próximo ano: integrantes dos grupos derrotados de esquerda, aplicando a sua noção peculiar de democracia, mal esperaram o anúncio do resultado para bradar palavras de ordem ameaçadoras: “Isso aqui vai virar o inferno”, diziam. “Para eles, o jogo democrático só existe quando eles vencem”, ironiza André Maia.

No blog do Reinaldo Azevedo: A UnB ainda respira

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.