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Adriane: ‘O diretor tem que ser atuante, não de gabinete’

Selecionada pelo Prêmio Educador Nota 10, Adriane Gallo Alcântara da Silva mudou cultura de apatia em escola com estratégia de formação contínua

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 out 2017, 14h45 - Publicado em 12 out 2017, 22h19

Uma escola pública com cerca de 1.000 pessoas, entre alunos e funcionários, que atende da creche ao ensino fundamental, localizada em uma região de baixo poder socioeconômico em Assis, interior de São Paulo. O desafio foi aceito por Adriane Gallo Alcântara da Silva, 43 anos, que desde fevereiro de 2016 é diretora do Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Professora Coraly Julia Gonçalves Carneiro, cargo conquistado através de um concurso público.

Na prática, o cenário se mostrou ainda mais desafiador. “Quando cheguei, existia pouco diálogo entre a gestão e o corpo docente. Os critérios avaliativos eram questionáveis. Os professores estavam desmotivados. E os pais não participavam”, conta Adriane.

A gestora lançou mão de sua longa experiência em sala de aula, conquistada desde 1993 com o primeiro emprego em educação infantil, durante a formação em magistério, e de cursos de especialização em psicopedagogia e gestão do trabalho pedagógico para pensar em estratégias para ressuscitar o ânimo geral.

O primeiro passo foi descobrir como valorizar a profissão de docente, sem um aumento de salário. “Trabalhamos o empoderamento dos professores. Eles precisavam ressignificar a prática pedagógica, continuar aprendendo, pesquisando e compartilhando ideias. Assim, teriam mais resultado em sala de aula e se sentiriam estimados”, diz.

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Adriane Gallo e professoras da Emeif Professora Coraly Julia Gonçalves Carneiro, de Assis (SP) (André Vicente/VEJA.com)

Ela, então, deu início ao projeto institucional batizado de “A formação continuada dinamizando a escola”. O objetivo era qualificar docentes em contexto de trabalho, através de estudos teóricos e troca de experiências – além de envolver a comunidade e profissionais de outras instituições, que atuaram como voluntários em palestras.

Com a ajuda das duas coordenadoras pedagógicas do colégio, Adriane passou a utilizar as reuniões de hora de estudo (HE), que ocorrem semanalmente no sistema de ensino público municipal, para levar conteúdo aos professores, estudando textos científicos e se aprofundando em pesquisas e livros, e dar a oportunidade de os próprios docentes falarem de suas experiências positivas e negativas em sala. O período antes era parte da burocracia escolar, usado para passar recados e informes.

O bom relacionamento com profissionais de educação que Adriane conheceu ao longo de sua trajetória ajudou a trazer convidados de outras escolas e universidades. Na segunda metade de 2016, o colégio sediou o 1º EPaCI – Estabelecendo Parcerias e Compartilhando Ideias. “Foram dois dias de reflexões e troca de experiências, com participação de toda a equipe escolar. Conseguimos trocar ideias com pessoas comprometidas com a educação que contribuem de forma voluntária com o projeto”, conta a diretora. Bem recebido, o evento entrou para o calendário escolar e acontece a cada início e final de semestre.

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A aproximação dos docentes e o processo de instigá-los a sair da zona de conforto acabou com uma cultura de melindre. “É comum um professor decidir não fazer nada de diferente para que ninguém diga que ele quer aparecer. Temos que quebrar esse paradigma”, diz Adriane. “O docente tem que mostrar o que é feito e compartilhar e estimular outros profissionais na busca de uma qualidade melhor na educação.”

Adriane descreve o processo como uma luta “de corpo a corpo”. O cargo de diretora não a impediu de, por exemplo, receber as crianças da creche com os professores diariamente. Detalhes que deram verniz ao trabalho dos docentes. “O diretor tem que ser atuante, e não de gabinete. Tem que vivenciar a escola e as tarefas das pessoas que estão com ele”, diz. “Nós, professores, estamos desvalorizados, precisamos reivindicar melhorias, mas também temos que criar uma valorização no dia a dia. O investimento na profissão, no aprendizado, levou os profissionais a se sentirem mais confiantes.”

Como resultado, o rendimento dos alunos melhorou, assim como a convivência social. “Avançamos no respeito mútuo, no dialogar e respeitar as diferenças. Foi uma experiência que mostrou que, independentemente da condição econômica do município, do estado ou do país, nós podemos fazer a diferença dentro do ambiente escolar e da comunidade. Só precisamos ter coragem.”

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Adriane conquistou com a iniciativa um lugar entre os dez melhores professores do ano pelo Prêmio Educador Nota 10, promovido pelas fundações Victor Civita e Roberto Marinho. Ela agora tem a chance de ser vencedora do título Educador do Ano na cerimônia que acontece no dia 30 de outubro, em São Paulo.

Conheça os dez indicados


Cristiane Pereira de Souza Francisco
Araraquara – SP

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Denise Rodrigues de Oliveira
Novo Hamburgo – RS


Di Gianne de Oliveira Nunes
Lagoa da Prata – MG


Diogo Fernando dos Santos
Pindamonhangaba – SP


Elisângela Dell-Armelina Suruí
Cacoal – RO

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Gislaine Carla Waltrik
União da Vitória – PR


Luana Viegas de Pinho Portilio
Embu das Artes – SP


Rosely Marchetti Honório
São Paulo – SP

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