Volkswagen anuncia 30 mil demissões no mundo
Cortes serão feitos ao longo dos próximos cinco anos, segundo a montadora; decisão é mais um desdobramento do escândalo das fraudes em testes de poluentes
A Volkswagen anunciou nesta sexta-feira uma reestruturação de suas operações que inclui até 30.000 demissões ao longo de cinco anos. A medida é parte de um esforço para impulsionar os lucros da montadora, afetados após o escândalo de fraude em testes de emissões de poluentes.
A marca VW, o maior negócio da montadora alemã em vendas, luta há anos para se manter lucrativa. Desde que admitiu no ano passado ter fraudado quase 11 milhões de carros a diesel para trapacear em testes de emissões, a companhia teve de pagar mais de 18 bilhões de euros (cerca de 65 bilhões de reais) em compensações para consumidores e custos processuais.
A Volkswagen vai perseguir a meta de, até 2020, melhorar o lucro com sua marca principal em 3,7 bilhões de euros ao ano. Isso significaria um aumento para 4% do lucro antes de impostos com as vendas. No trimestre mais recente, o número foi inferior a 2%.
Das 30.000 demissões previstas, 23.000 devem ocorrer na Alemanha. Com os cortes e outras medidas de eficiência, a Volks tentará melhorar a produtividade de suas fábricas alemãs em 25% nos próximos anos.
O executivo-chefe da Volkswagen, Matthias Müller, busca aproveitar o contexto de crise para realizar medidas para reestruturar a empresa. O comando da companhia dialoga há oito meses com os trabalhadores sobre a reestruturação. Além disso, Müller direciona gastos para novas tecnologias. No futuro, as montadoras precisarão de menos funcionários e com habilidades diferentes para atuar no negócio e fabricar carros elétricos.
Sindicato protesta
O sindicato dos trabalhadores da empresa ameaçava bloquear decisões de investimento na reunião desta sexta-feira a menos que o comando oferecesse garantias para os 282.100 funcionários da Volks na Alemanha. O número representa quase metade de sua força de trabalho no mundo.
O acordo para cortar postos ocorre após oito meses de duras negociações com os sindicalistas, que acabaram por aceitar os cortes, que devem ser alcançados pela saída natural dos trabalhadores com o tempo e com aposentadorias antecipadas em troca de compromissos de construção de veículos elétricos e baterias na Alemanha.
A Volkswagen concordou em construir carros elétricos em Wolfsburg, sua fábrica principal, e em Zwickau, no leste alemão. A VW construirá motores elétricos em Kassel e começará a produzir baterias de celulares em sua fábrica de Salzgitter.
Brasil
A montadora alemã afirmou, em nota, que os desligamentos previstos no país deverão totalizar 5 mil, sendo que 3 mil já foram efetuados.
“Os sete mil postos de trabalho na América do Sul citados hoje pela matriz da Volkswagen se referem ao número de desligamentos previstos para as operações da Volkswagen no Brasil (5 mil) e na Argentina (2 mil) para um período de 5 anos a partir de 2016 e já estão previstos nas negociações com os sindicatos. Nas unidades Anchieta e São José dos Pinhais os acordos já foram firmados no início de 2016 e tem uma vigência de cinco anos. As fábricas de Taubaté e São Carlos estão em negociação com a representação dos Empregados”, afirmou, em nota, a empresa.
“Desse total, em 2016 já foram efetuados 3 mil desligamentos nas fábricas da Volkswagen, sendo 2 mil no Brasil e 1 mil na Argentina, todos por meio de PDV (Programa de Desligamento Voluntário). A consolidação do volume adicional vai depender da evolução do mercado nesses países durante a vigência do acordo com os sindicatos”, informou.
(Com Estadão Conteúdo)