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‘Para ter dinheiro, o primeiro passo é gostar dele’

Estrela do reality show 'Mulheres Ricas', Val Marchiori lança nesta quarta livro com dicas de investimentos - e reafirma: não é errado querer enriquecer

Por Luís Lima 23 nov 2015, 13h19

Quem melhor para dar dicas do que fazer com o dinheiro do que uma das estrelas do autoexplicativo reality show Mulheres Ricas, exibido entre 2012 e 2013 pela Band? A empresária, socialite (e rica, lembra ela) Val Marchiori vai lançar nesta quarta-feira O Livro de Ouro de Val, no qual conta sua trajetória desde a vida sem luxos em um sítio, no interior do Paraná – e, claro, sua relação com o dinheiro e como faz para administrá-lo. Cautela em tempos de crise? Não é com a Val. Ela prefere gastar – muito e sempre. “Talvez por isso eu seja rica: porque nunca deixei o dinheiro ali, parado, na conta e fiquei admirando.”

Em entrevista ao site de VEJA, concedida em seu luxuoso apartamento, no bairro do Jardins, em São Paulo, a endinheirada apresentou alguns de seus segredos de investimento. A seguir, trechos da entrevista.

Em seu livro, você conta que, quando nasceu, sua avó disse que você teria tudo que você quisesse. E então: você já tem? Sim, ela profetizou. Hoje só quero que Deus me dê mais saúde, para poder ver meus filhos, gêmeos, serem grandes homens. Se morrer hoje, morro muito feliz. De onde eu vim, para o que eu tenho, sou muito agradecida. Gosto da vida, amo ser feliz, gosto das pessoas, de gente.

Além de um manifesto a favor da riqueza, o livro seria também um desabafo, uma tentativa de acabar com o estigma ‘Val perua’? Juro que não. Já me ofereceram fazer esse livro sobre a minha vida há muito tempo, desde o Mulheres Ricas. Nunca me preocupei em mostrar quem eu sou; não é um desabafo. Quando me ofertaram fazer O Livro de Ouro da Val, me mostraram o quanto eu poderia ajudar pessoas que se vitimizam, mas que gostariam de ter uma vida melhor. Foi isso que me motivou.

A importância de ter aliados é outra das suas dicas. Você destacaria algum? O principal aliado é você mesmo. Claro que pessoas próximas, como a família ou amigos, podem colaborar. Não tem ninguém que eu penso: devo isso a ela. Devo tudo até aos inimigos que me tornaram mais forte, que me subestimaram porque eu sou loira e mulher.

Você diz que falar de dinheiro no Brasil é “tabu”. Qual a origem disso? É cultural. No Brasil, as pessoas têm medo de falar que têm ou que gostam do dinheiro. Isso porque vivemos num país corrupto, inculto, de impostos muito altos e de pouco retorno – e no qual o termo empresário é associado a “bandido”; afinal, se ganha dinheiro é porque rouba. É muito diferente dos Estados Unidos, onde as pessoas falam abertamente quanto ganham. Lá eles pagam impostos e têm tudo: saúde, segurança, educação. Aqui, esse medo de falar sobre dinheiro é motivado pela insegurança. No livro, explico que não há razão para ter vergonha de ter dinheiro, mas prazer. Se você trabalhou, é seu – e não importa se é dez, cem ou mil reais. Para ter dinheiro, o primeiro passo é gostar dele e do que ele proporciona a você.

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Por que, como você diz no livro, é importante fazer o dinheiro circular em tempos de crise? Não seria mais prudente guardar? Se você deixar o dinheiro parado, você fica estagnado. Muitas pessoas ganham dinheiro justamente na crise, pois veem oportunidades. Eu parei de investir em transporte para apostar em cosméticos. Além disso, quero abrir minha linha nos Estados Unidos. A crise brasileira me fez ver outro mercado. Resumindo: é questão de fazer escolhas e saber identificar as áreas que estão crescendo.

O governo brasileiro enfrenta hoje dificuldades para fechar suas contas. Para que o brasileiro médio que quiser empreender não tenha esse mesmo problema, que cuidados ele deve ter? Tem que ter todos os cuidados. Pensar nos custos: funcionário, impostos, aluguel, entre outros. Analisar o local em que será feito o investimento, o que precisará para mantê-lo, se existe demanda para ele. E, claro, analisar o concorrente e descobrir o que você pode oferecer melhor do que ele.

É possível encontrar oportunidades na crise? Claro. Por exemplo, no segmento de cosméticos. Eu resolvi investir na minha linha de maquiagens, em um setor que cresceu 30%, um dos poucos que avançou no Brasil. A gente deixa de comer, mas não de ficar bonita, né?

Qual foi seu pior investimento? Aos 24 anos, vendi meus caminhões, montei uma concessionária [da KIA] e quebrei. Perdi tudo. Mas não foi culpa minha. O dólar subiu, levando metade da rede de concessionárias da marca aqui no país a quebrar. Ninguém mais comprava carros coreanos com aquele câmbio. Na época, vendia-se – e muito – o a Besta (modelo de van da Kia) para transporte escolar. Mas, com a alta do dólar, no começo dos anos 2000, o preço da Besta, que era importada, passou de 20 mil reais para 60 mil. Ficou inviável. Sem contar que, naquela época, os carros coreanos não tinham fábrica nem popularidade no país.

E o melhor? A minha transportadora, e, dentro disso, o agenciamento de caminhões. Isso me permitiu, inclusive, comprar meu apartamento aqui no Jardins (bairro nobre de São Paulo). Eu tinha minha transportadora com caminhões próprios, mas o agenciamento do frete foi o melhor investimento. Porque não tinha despesas, como pneu, motorista, pedágio, nem riscos.

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E como surgiu a sua relação com o setor de transporte? Da minha família. No sítio, meu pai e irmãos sempre tiveram caminhões de frango, ração, etc. O operacional sempre ficava com eles. Mas o marketing, contratos, vendas, o comercial é comigo. Aí ninguém me segura.

Você diz que passou a gostar do dinheiro pela necessidade, e não pela ambição… E isso me levou a querer sempre mais. Não sabia o que era dinheiro. Ninguém aprende na escola a lidar com dinheiro – o que seria muito positivo para o país. Quando era criança, queria um sapato para ir à escola, e não tinha dinheiro, nem luz elétrica, nem água gelada, nada. Comecei a me mexer, a vender Avon, e ganhar meu dinheiro, pela necessidade de tê-lo. Isso me motivou a querer sempre. Como conquistei meu primeiro, eu passei a querer comprar, além do sapato, um vestido, um carro, uma casa…

Quais são seus investimentos? Invisto em ações, mas em poucas empresas. Não sou muito de arriscar: dou preferência para as maiores e para as nem tão grandes, mas com potencial de crescimento. Tenho participações em pequenas empresas e também invisto em imóveis, que é um dinheiro que não se perde. O segredo é fazer com que o dinheiro gere renda. Não dá pra deixá-lo guardado no banco. Temos que acompanhar as tendências do mercado e ver o que está rendendo mais. Um bom negócio requer tempo e pesquisa.

Quanto você acha que o salário mínimo ideal para se ter uma vida razoável? Para ninguém passar necessidade, acho que 1.600 reais, o dobro do atual, estaria adequado. Seria um começo. Já fui muito pobre e sei que com esse dinheiro daria para pagar um aluguel de uma casa de 400 reais, água, luz, uma alimentação. Mas o resto, você tem que ir atrás. Óbvio que esse dinheiro não supre as necessidades de todo mundo. Cada um sabe o que quer para sua vida. Mas 1.600 reais seria mais que justo. Até porque, no atual momento por que o país passa, mais do que isso pode ser complicado.

Acredita, de fato, que o livro te “renderá milhões de reais”? Com certeza. Vou ficar mais rica com esse livro. Se não acreditasse, não teria feito.

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