SÃO PAULO, 27 Jun (Reuters) – Os mercados norte-americanos e europeus fecharam em alta nesta quarta-feira, sob dados econômicos positivos dos Estados Unidos e um dia antes do início da aguardada cúpula de líderes da União Europeia (UE). Já no Brasil, o Ibovespa seguiu trajetória inversa, com o tombo de 25 por cento nas ações da empresa de petróleo e gás OGX.
No cenário macroeconômico doméstico, por sua vez, o governo lançou um novo pacote de medidas para estimular o crescimento econômico, com compras oficiais e redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). O Banco Central voltou ainda a anunciar novo leilão de swap cambial tradicional para quinta-feira.
Em Wall Street, os três principais índices avançaram, repercutindo números favoráveis do mercado imobiliário e de bens duráveis. Na pauta estava ainda a alta do petróleo, que elevou os papéis do setor energético.
A Associação Nacional de Corretores (NAR, na sigla em inglês) dos EUA informou que os contratos para adquirir moradias usadas igualaram à máxima de dois anos em maio, alimentando otimismo quanto à recuperação do mercado imobiliário.
As encomendas de bens duráveis, por sua vez, subiram 1,1 por cento, após um declínio de 0,2 por cento no mês anterior, segundo dados revisados e superiores ao esperado.
Enquanto isso, os futuros do petróleo fecharam em alta também refletindo os dados dos EUA e uma vez que a greve dos trabalhadores na Noruega está limitando a produção do Mar do Norte.
Na Bovespa, o principal índice fechou em queda, pressionado pelo tombo de quase 25 por cento das ações da OGX, refletindo a frustração do mercado com a empresa, que divulgou que a vazão de óleo nos primeiros poços perfurados em um campo na bacia de Campos é de apenas um terço do esperado.
No mercado de câmbio, por sua vez, o dólar fechou em alta pela sexta sessão seguida ante o real, mas reduzindo ganhos depois que o BC anunciou um novo leilão de swap cambial tradicional, para o dia seguinte. Nesta quarta-feira, a autoridade monetária vendeu todos os 60 mil contratos ofertados.
Com grande atenção dos mercados doméstico e internacional, começa ainda na quinta-feira a aguardada cúpula de dois dias entre líderes da UE, e que tentará apresentar soluções conjuntas à crise da dívida na zona do euro.
Como antessala para o evento, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, manteve-se firme nesta quarta-feira sobre a emissão de eurobônus e disse também que a situação na Europa é “grave”, mas que autoridades estavam determinadas a tomar medidas para garantir a força de sua moeda única.
PACOTE E JUROS FUTUROS
No cenário interno, o governo anunciou nesta quarta-feira um novo pacote de medidas para tentar estimular a economia, dando continuidade à adoção de políticas anticíclicas. As iniciativas se traduzem em 8,43 bilhões de reais em compras governamentais, além de redução da TJLP.
Na ocasião do lançamento do pacote, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a queda dos juros e o câmbio desvalorizado vão continuar, tendo como pano de fundo um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho menor que o registrado no mês anterior.
Enquanto isso, o Tesouro Nacional informou que o governo central -formado por governo federal, Banco Central e Previdência Social- registrou baixa de 84 por cento no superávit primário em relação ao saldo positivo de abril, acusando uma queda mais acelerada nas receitas.
Além do comportamento externo, o mercado de juros futuros também repercutiu o anúncio das novas medidas do governo nesta quarta-feira, com os de vencimento mais curtos estáveis, e os mais longos em alta.
Em dado separado, o BC reportou que o fluxo cambial -entrada e saída de moeda estrangeira do país- ficou positivo em 707 milhões de dólares na semana passada, evidenciando que os investidores estrangeiros continuaram entrando no Brasil.
AGENDA
O calendário de divulgação de indicadores prevê para quinta-feira, no âmbito doméstico, o relatório de inflação referente ao segundo trimestre do Banco Central, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) de junho e o Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista.
Será realizada também reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Enquanto isso, nos Estados Unidos são esperados o Produto Interno Bruto (PIB) referente ao primeiro trimestre e dados sobre auxílio desemprego semanal.
Já na Europa serão reportados o PIB da Grã-Bretanha referente aos três primeiros meses do ano, a taxa de desemprego na Alemanha em junho e o indicador de confiança do consumidor da zona do euro também neste mês.
No Japão, por sua vez, analistas aguardam a divulgação da taxa de desemprego e de números sobre a produção industrial, ambos relativos a maio.
Veja como fecharam os principais mercados financeiros nesta quarta-feira:
CÂMBIO
O dólar fechou a 2,0777 reais, em alta de 0,26 por cento frente ao fechamento anterior.
BOVESPA
O Ibovespa fechou com queda de 1,35 por cento, para 53.108 pontos. O volume financeiro ficou em 6,0 bilhões de reais.
ADRs BRASILEIROS
O índice dos principais ADRs brasileiros subiu 0,33 por cento, a 25.914 pontos.
JUROS <0#2DIJ:>
No call das 16h, o DI janeiro de 2014 estava em 7,940 por cento ao ano, estável frente ao ajuste anterior.
EURO
Às 18h56 (Brasília), a moeda comum europeia era cotada a 1,2472 dólar, ante 1,2489 dólar no fechamento anterior nas operações norte-americanas.
GLOBAL 40
O título de referência dos mercados emergentes, o Global 40, caía para 129,063 por cento do valor de face, oferecendo rendimento de 1,452 por cento ao ano.
RISCO-PAÍS
O risco Brasil seguia com alta de 2 pontos, para 215 pontos-básicos. O EMBI+ caía 2 pontos, a 376 pontos-básicos.
BOLSAS DOS EUA
O índice Dow Jones subiu 0,74 por cento, a 12.627 pontos, o S&P 500 registrou valorização de 0,90 por cento, a 1.331 pontos, e o Nasdaq avançou 0,74 por cento, aos 2.875 pontos.
PETRÓLEO
Na Nymex, o contrato de petróleo mais curto subiu 0,85 dólar, ou 1,07 por cento, a 80,21 dólares por barril.
TREASURIES DE 10 ANOS
O preço dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos, referência do mercado, subia, oferecendo rendimento de 1,6211 por cento, frente a 1,628 por cento no fechamento anterior.
(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código ).(Por Frederico Rosas; Edição de Danielle Fonseca)