Opep segue situação na Líbia e diz estar pronta para agir
Ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, diz que a Organização está pronta para cobrir qualquer eventual desabastecimento
O ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, disse nesta terça-feira que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) está pronta para cobrir qualquer eventual desabastecimento do produto provocada pela turbulência política na Líbia.
Ele acrescentou que não vê efeitos de longo prazo por causa do atual temor do mercado. “Acho que é uma situação de medo e preocupação que será de prazo muito curto. Não terá efeito de longo prazo”, disse em entrevista à imprensa na capital da Arábia Saudita. “Neste momento, há preocupação e temor, mas não há absolutamente uma escassez”, acrescentou.
Os investidores mostram-se temorosos quanto a uma eventual falta de petróleo no mundo por conta da importância da Líbia e de outros países árabes, que também enfrentam ondas de contestação política, para o abastecimento da commodity (veja quadro sobre produção internacional de petróleo).
Para al-Naimi, os estoques estão em nível confortável e a Opep está pronta para cobrir uma eventual falta de petróleo no mercado se e quando isso acontecer. A Arábia Saudita – maior exportadora de petróleo do mundo e maior produtora da Opep – é vista, em geral, como uma voz moderada dentro da organização, interessada em respeitar os interesses tanto de produtores quanto de consumidores.
O ministro do Petróleo dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed ben Zaen al Hameli, também indicou nesta terça-feira que a Opep acompanhava com muita atenção a instabilidade líbia.
Impactos – Analistas ouvidos pelo site de VEJA alertam que as cotações podem subir ainda mais caso a instabilidade política continue a avançar no Oriente Médio e Norte da África. Para o especialista Adriano Pires, o preço do barril pode atingir 150 dólares, se não houver melhoria do cenário político.
Entenda porque as tensões nos países árabes mexem com os preços do petróleo
A importância da Líbia no mercado – A Líbia, que também é membro da Opep, é a quarta produtora de petróleo da África, depois da Nigéria, Argélia e Angola, com cerca de 1,8 milhão de barris diários e possui reservas avaliadas em 42 bilhões de barris. Os dados são da agência americana de informação sobre energia (EIA).
Na chegada ao poder do coronel Kadafi em 1969, as companhias petroleiras, majoritariamente americanas, extraíam do solo líbio mais de 2 milhões de barris diários. Rapidamente, o líder líbio nacionalizou o petróleo, limitou a produção e criou a Companhia Nacional de Petróleo (NOC), que iniciou empreendimentos conjuntos com a participação minoritária de empresas estrangeiras.
Depois de vinte anos de isolamento, a Líbia viu chegar todas as companhias ocidentais ávidas por petróleo e dispostas a enfrentar licitações. Na área dos hidrocarbonetos, cerca de 40 operadores estrangeiros do mundo inteiro participaram em quatro licitações para explorar jazidas. O objetivo é levar a produção a 3 milhões de barris diários (mbd) em 2013 em troca de investimentos no valor de 30 bilhões de dólares. A Líbia exporta a maior parte de seu petróleo aos países da Europa, entre eles Itália, Alemanha, Espanha e França.
O país também quer desenvolver sua produção de gás natural – setor no qual tem reservas estimadas em 1,540 trilhão de metros cúbicos, segundo a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). O país quase duplicou suas exportações de gás natural em três anos, de 5,4 bilhões de metros cúbicos em 2005 para mais de 10 bilhões de metros cúbicos anuais, também segundo estatísticas da Opep.
(com Agência Estado e AFP)