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Na crise, brasileiro gasta mais com água e luz – e corta o resto

Gastos com contas residenciais foram os únicos que subiram entre julho de 2015 e 2016, diz estudo; despesas com cuidados pessoais caíram 52%

Por Bianca Alvarenga Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 set 2016, 08h49 - Publicado em 10 set 2016, 08h49

No último ano, os brasileiros apertaram o orçamento familiar para passar pela crise. Entre julho de 2015 e julho de 2016, os gastos com cuidados pessoais, que incluem as despesas com salão de beleza, itens de farmácia e academia, foram cortados pela metade. O consumo em bares e restaurantes caiu 30% e os gastos com lazer, como viagens, cinema e teatro, caíram 18%. Até mesmo as contas de internet, celular e TV à cabo passaram pela navalha: queda de 20% no período. A única categoria de despesa que não sofreu diminuição foi a das contas domésticas, como água, luz e gás, que aumentaram 29%.

Os dados são de levantamento realizado pelo aplicativo de finanças GuiaBolso e obtido com exclusividade pelo site de VEJA. A pesquisa foi feita com base nas informações de 88.280 usuários do GuiaBolso, com renda média de 2.182,74 reais. O aplicativo tem quase 3 milhões de downloads e analisa automaticamente todas as despesas e receitas do usuário por meio de uma conexão direta com as informações de lançamentos na conta corrente bancária e cartões de crédito.

Apesar da queda expressiva nos gastos pessoais, o estudo revela um aspecto positivo: a renda do usuário está menos comprometida. Em julho de 2015, 102% do salário era consumido até o fim do mês. Isso significa que, na média, as pessoas estavam entrando no cheque especial ou em outra forma de financiamento para cobrir as despesas que ultrapassavam o total do orçamento. Já em julho de 2016, as despesas somaram 91% da renda.

Essa “sobra” tem incentivado também um aumento em aplicações. Do total ganho, os usuários investiram cerca de 2% da renda. “Ainda é pouco. Recomendamos que as pessoas guardem pelo menos 15% do salário para investimentos ou para pagar dívidas antigas”, afirma Benjamin Gleason, fundador do GuiaBolso e ex-diretor financeiro do Groupon no Brasil. Ele conta que há pouco incentivo no Brasil para que as pessoas poupem uma fatia do salário, e que a aplicação mais comum ainda é a caderneta de poupança. “Nossas pesquisas mostram que o usuário sabe que a poupança é um investimento com baixíssimo retorno, mas que não busca outras formas de aplicações porque as desconhece ou porque acha complicado demais”.

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O ajuste feito nos lares brasileiros é um dos fatores que mais contribuíram para a queda na atividade econômica. Os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2016, quando comparados com o mesmo trimestre do ano passado, mostram que o consumo das famílias caiu 5% – somente os investimentos tiveram pior desempenho no mesmo período. O setor de serviços, altamente influenciado pelo poder de compra das famílias, contraiu-se 3,3%, puxado principalmente pelo comércio, que encolheu 7,4%.

A boa notícia é que, agora que o orçamento foi achatado pelo corte de gastos, o endividamento dos brasileiros também deve começar a diminuir. “Os números mostram que, provavelmente, a maior parte do rearranjo das contas ficou para trás e que, agora, há uma maior consciência sobre a necessidade de equilíbrio do orçamento”, diz Gleason, do GuiaBolso. Dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) mostram que o número de inadimplentes já começou a cair, embora ainda haja quase 59 milhões de pessoas nessa situação. É um respiro para as famílias brasileiras, mas ainda há um longo caminho de recuperação a ser percorrido.

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