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‘Marissa Mayer é uma microempreendedora em uma grande empresa’

Executiva chegou ao Yahoo com status de salvadora, mas frustrou expectativas, diz Nicholas Carlson, autor do best-seller que conta a trajetória de Marissa

Por Teo Cury 24 jan 2016, 20h01

A executiva Marissa Mayer chegou ao Yahoo em julho de 2012 como potencial salvadora da companhia. Na ocasião, o Yahoo, uma das empresas pioneiras da internet nos anos 90, sofria para manter e atrair talentos e perdia espaço para concorrentes da indústria americana de tecnologia, como Facebook e Google – no qual, aliás, Marissa construiu sua boa reputação. A expectativa com a comandante era tão alta que, pelas paredes da companhia, funcionários espalhavam cartazes com sua foto editada como a usada na campanha de 2007 do então candidato à presidência dos Estados Unidos Barack Obama. Hope, ou esperança, era a mensagem nos cartazes de Obama. Marissa era a esperança de que a empresa voltasse a brilhar.

Passados três anos e meio, Marissa vive um inferno astral à frente do Yahoo – e, até o momento, não entregou o que se esperava dela. Enquanto as receitas da empresa caem, ela é criticada por sua personalidade centralizadora, apostas erradas em novos produtos e a falta de tato com os funcionários. “‘Marissa Mayer é uma microempreendedora comandando uma grande empresa”, disse ao site de VEJA o jornalista Nicholas Carlson, autor de Marissa Mayer and the fight to save Yahoo! (“Marissa Mayer e a luta para salvar o Yahoo!”, em tradução literal). O livro, que conta a trajetória da executiva e seu desafio de tentar fazer a empresa se reinventar, foi um dos mais vendidos dos Estados Unidos em 2015.

Quando começou, o Yahoo notabilizou-se por criar ferramentas para que as pessoas pudessem usar a internet de maneira descomplicada, fazendo com que qualquer leigo tirasse o melhor dela. “Marissa queria que a empresa voltasse a ser o que foi no começo da internet”, diz Carlson. “Mas, em vez de criar sites, e ferramentas para esses sites, ela sugeriu a criação de aplicativos.”

Com essa diretriz, a companhia montou uma equipe com 400 desenvolvedores para criar startups que tivessem como norte facilitar a vida dos usuários. O problema é que Apple e Google, dois de seus maiores concorrentes, já tinham trilhado antes o caminho do desenvolvimento de aplicativos, e de maneira revolucionária. Assim, enquanto a concorrência criava milhares de aplicativos por ano, o Yahoo fazia seis. “É uma loteria dos apps”, brinca o autor.

Nos últimos meses, multiplicaram-se as críticas ao desempenho da executiva feitos pela imprensa, por acionistas da companhia e também analistas de mercado. E as críticas têm razão de ser, afirma Carlson. “O plano de Marissa de ressuscitar o Yahoo não funcionou”, resume.

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Com um histórico de decisões arbitrárias, término do programa de home office e tentativa de ocultar demissões, instaurou-se um clima de medo e incerteza entre os funcionários do Yahoo. Detratores a chamam de Evita, em referência a Eva Perón, a ex-mulher do ditador argentino Juan Perón, conhecida por sua ascensão ao poder e desejo de fama. Muitos desses críticos acreditam que Marissa esteja mais preocupada com a construção da própria imagem do que trabalhando para resolver os problemas do Yahoo.

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Jamais será – Carlson acredita que é tarde demais para Marissa salvar a empresa. “A menos que surja um milagre, o Yahoo nunca será uma empresa tão grande quanto Linkedin e Facebook, porque é uma empresa velha que parou no tempo”, diz. “O Yahoo vive hoje do sucesso que fez no passado, do começo da internet.” E continua o escritor: “Ela é uma pessoa brilhante e admirável, mas não tem o perfil de um CEO.” Entre as falhas da executiva, diz, estão a dificuldade para delegar funções e se relacionar com pessoas.

Outro grande erro da executiva foi sua falta de habilidade para contratar profissionais. Duas contratações em particular atestam essa constatação, segundo Carlson: Henrique de Castro, que tinha como objetivo reparar a relação da empresa com as agências de publicidade, e Kathy Savitt, responsável pelo marketing. Em quinze meses na empresa, De Castro faturou 50 milhões de dólares, sendo o funcionário mais bem pago do ramo tecnológico, e não trouxe grandes resultados para o Yahoo. “Em de usar seu carisma, que existe, sim, e de aproveitar sua fama para achar pessoas boas para assumir essas vagas, Marissa se rendeu a quem fez o melhor marketing pessoal”, afirma o autor.

O jornalista está preparando agora um novo livro, uma continuação de seu best-seller, para tratar mais diretamente da gestão de Marissa à frente do Yahoo. “O livro vai falar menos dela e mais dos detalhes da sua gestão”, diz Carlson. “E já adianto: acho que ela não fez um bom trabalho.”

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