Mantega diz que aumento do IOF não é medida definitiva
Ministro irá a Washington para discutir a "guerra cambial"
“Há remédios que não fazem efeito no dia seguinte”, afirmou Mantega, referindo-se ao aumento do IOF
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos investimentos estrangeiros em renda fixa de 2% para 4% “não é uma medida definitiva que vá resolver todo o nosso problema”. “É para atenuar o fluxo forte que se identificou em aplicações financeiras estrangeiras em mercados de renda fixa”, ressaltou.
O ministro informou que vai nesta quarta-feira a Washington, para uma reunião com ministros da Fazenda dos 24 países mais importantes do mundo, discutir o mesmo assunto. “A questão cambial é generalizada e não só no Brasil”, afirmou. “Estamos vendo que a cada dia países tomam medidas para impedir que haja valorização das suas moedas. Ninguém quer perder a guerra comercial. Ninguém quer deixar de exportar ou ter sua moeda valorizada artificialmente. Nós temos que discutir em conjunto para acharmos uma saída comum de todos os países”.
Queda do dólar – Mantega tentou minimizar a queda do dólar, nesta terça feira. Mesmo com o aumento na taxa do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para reduzir a entrada de fluxo de investimentos estrangeiros no país. “Há remédios que não fazem efeito no dia seguinte”, afirmou. Segundo ele, se o governo não tivesse anunciado a medida, a desvalorização da moeda americana nesta terça seria ainda maior. O dólar fechou esta terça-feira cotado a 1,67 real – queda de 1,24% em relação ao dia anterior.
O ministro explicou ainda a razão de não ter elevado o IOF para os investimentos estrangeiros em bolsa. “Não havia fluxo excepcional na bolsa, portanto nós mantivemos o IOF em 2% para aplicações estrangeiras”, disse o ministro. Sobre o IOF para compras no exterior com cartão de crédito Mantega disse que nada mudou. “Não mudou o IOF em relação ao cartão de crédito. Exceto em relação aos investimentos estrangeiros no mercado de renda fixa. O resto fica igual”, disse ele. O ministro lembrou que no caso das compras no exterior ninguém pode trazer mais que 500 dólares por pessoa e quem ultrapassar esse valor já paga imposto sobre isso.
O ministro da Fazenda voltou a reconhecer que o aumento do IOF nos investimentos estrangeiros em renda fixa, que entrou em vigor nesta terça-feira, ainda não surtiu o efeito esperado. “Há remédios que não fazem efeito no dia seguinte. Às vezes você começa a tomar um antibiótico e tem que tomar uma semana. É preciso olhar o cenário de hoje”, disse, citando que o Japão, por exemplo, também tomou uma medida importante, no sentido de desvalorizar o iene em relação ao dólar, o que afetou muitos mercados. “O que se poderia pensar é que não fez efeito hoje, mas poderia fazer amanhã. E certamente ela (a medida) vai diminuir o fluxo de capital de curto prazo em aplicações financeiras, o que vai nos ajudar a diminuir a pressão sobre o dólar”, afirmou. Segundo o ministro, o raciocínio é que “se não se tivesse tomado esta medida, com o fluxo grande que estava ocorrendo, se poderia ter uma desvalorização do dólar maior do que de fato ocorreu”.
(com Agência Estado)