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Mansão de ex-dono do Banco Santos vai a leilão

Instalada em terreno de 12.000 m², a residência tem 4.500 m² e o lance mínimo é de R$ 78 milhões; conta de luz chega a R$ 100.000 por mês

Por Estadão Conteúdo 30 out 2017, 08h42

A empresa Superbid, com o administrador da massa falida do Banco Santos, Vânio Aguiar, marcou leilão online da mansão construída pelo ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira para 20 de novembro. O lance mínimo é de 78 milhões. Embora o leilão inclua outros bens, como um edifício invadido e terrenos na Marginal Pinheiros, considerados melhores opções de investimento, o ponto central do certame é, inevitavelmente, a casa. localizada no bairro do Morumbi, em São Paulo.

A história da mansão não terminou com a saída da família do imóvel, em 2011. Um dos milhares de bens incluídos no processo de falência do banco, iniciado há 13 anos, a casa continua a colecionar bons casos.

Apesar de estar fechada, deteriorada e desprovida da maioria das obras de arte que a transformavam em uma espécie de museu particular dos Cid Ferreira, ainda há ocasionais momentos de glória: a icônica cena de nu da atriz Paolla Oliveira na série Felizes para Sempre?, da Rede Globo, foi filmada ali, em 2014.

Há seis anos sem moradores, a casa é todos os dias vigiada por funcionários da administração da massa falida do banco, encarregados da manutenção do imóvel.

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Superlativa

A curiosidade é justificada pelo estilo superlativo do imóvel. Instalada em terreno de 12.000 m², a residência tem 4.500 m² de área construída e inclui facilidades como duas piscinas – uma coberta e outra ao ar livre -, uma adega que abriga 5.000 garrafas de vinho, duas bibliotecas (com coleção de livros de arte incluída) e vista panorâmica da cidade, com os páreos de domingo do Jockey Club de São Paulo em primeiro plano.

Algumas obras de arte de difícil remoção – como pesadas esculturas hoje meio esquecidas em um dos cômodos – vão no pacote do leilão, assim como alguns móveis escolhidos pelos Cid Ferreira nos tempos de bonança. Só a mesa de jantar de 24 lugares custou, na época, 350.000 dólares (mais de 1 milhão de reais).

O idílio do banqueiro, da mulher e de seus filhos na casa, no entanto, foi curto. Depois de dois anos de obras, a mansão ficou pronta poucos meses antes da falência do Banco Santos ser decretada. E Cid Ferreira foi obrigado a repensar o uso de certas alas de seu palácio. Conhecida pelo fascínio por arte – mesmo após a venda de boa parte do acervo, ainda restam na residência quadros e esculturas avaliadas em 11 milhões de reais, a serem negociados separadamente -, a família reservara uma ala da mansão para suítes que abrigariam artistas importantes de passagem por São Paulo.

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Logo, porém, os quartos tiveram sua função modificada: viraram um bunker da defesa do ex-banqueiro, com pilhas de processos tomando todo o espaço. Depois de os Cid Ferreira terem sido obrigados a deixar a casa, todos os cômodos foram esvaziados, embora alguns objetos pessoais dos ex-bilionários, incluindo camas e aparelhos de ginástica, tenham sido deixados para trás.

Nesses últimos seis anos, a residência – que, em um certo período, contabilizava quatro moradores e 54 empregados -, custou 8 milhões de reais à massa falida. Isso porque o projeto do arquiteto Ruy Ohtake já incluía, 15 anos atrás, a automação de persianas e um sistema completo de ar-condicionado – luxos que elevaram a conta de luz para 100.000 reais por mês. Além dos gastos fixos salgados, um eventual novo dono também terá de arcar com uma reforma, já que os problemas se proliferam entre corredores de mármore e escadarias suntuosas: há pisos de madeira podres, lâmpadas caídas e portas que já não abrem e nem fecham.

Disputa

A chance de que o leilão não saia do papel ainda é considerável. Primeiro, por uma questão mercadológica. O interesse por mansões do gênero está em baixa no momento. E, segundo, porque o advogado Luiz Augusto Winther Rebello já entrou com um agravo e um pedido de liminar para impedir, mais uma vez, o leilão. A reportagem tentou falar diretamente com Edemar Cid Ferreira, mas não obteve retorno. O advogado entende que a casa deve ser repassada ao condomínio de credores que tem feito a venda e renegociação de ativos do banco. “Não pode ter dois pesos e duas medidas.”

O administrador da massa falida, Vânio Aguiar, argumenta, no entanto, que a venda rápida é a melhor solução, pois o imóvel perde valor tanto por sua depreciação quanto pela crise econômica. Há quatro anos, quando a mansão de Edemar Cid Ferreira quase foi a leilão, era avaliada em 120 milhões de reais. Pelas regras do evento agendado para novembro, caso um interessado não apareça em um primeiro momento, pode ser aplicado desconto adicional, que reduziria o desembolso para cerca de 50 milhões de reais. Se não houver disputa, o comprador ainda poderá pedir parcelamento em três vezes.

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Apesar do alto desembolso, da necessidade de reparos e da possível dor de cabeça jurídica que o comprador pode enfrentar, o leiloeiro Renato Moysés acredita que a mansão dos Cid Ferreira carregue certo fetiche para os aficionados em luxo. Em 2005, Moysés ajudou a vender móveis e objetos do escritório do Banco Santos e diz ter presenciado disputa ferrenha por itens corriqueiros, como aparelhos de TV e mesas de trabalho. O leiloeiro disse que a Superbid já recebeu telefonemas de gente interessada em comprar a cama do ex-banqueiro. Desta vez, porém, para satisfazer o desejo de dormir como um bilionário, será preciso gastar como um.

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