Lula compara reforma da Previdência à bomba de Hiroshima
Segundo o ex-presidente, a mudança no sistema de aposentadorias é necessário, mas é preciso fazer um amplo debate com a sociedade
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a reforma da Previdência à bomba atômica lançada em Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial. A comparação foi feita nesta terça-feira durante uma entrevista a uma rádio do Rio Grande do Norte.
“Reforma pressupõe uma coisa boa. Quando você diz que vai reformar sua casa, seu carro, é para melhorar. Mas o que está sendo feito não é uma reforma; eles estão destruindo o que já tem. Isso tá mais para bomba de Hiroshima do que para reforma”, afirmou.
Para Lula, reformar a Previdência é necessário, visando principalmente gerações futuras. Mas, segundo ele, para isso, seria necessário fazer um amplo debate com a sociedade brasileira, o movimento sindical e os principais atingidos, no caso os aposentados e os trabalhadores “da ativa”.
Ao falar sobre a reforma trabalhista, o petista disse que a livre-negociação entre empresários e trabalhadores pode até ser considerada. Mas é importante ter uma regulação que proteja o trabalhador, já que no Brasil há poucos sindicatos capazes de negociar em igualdade com os empregadores. Na opinião de Lula, nos termos atuais da reforma, “nós vamos colocar o fraco diante do forte, sendo que o forte tem toda a capacidade de pressão”.
O parecer da reforma da Previdência está previsto para ser votado na comissão especial da Câmara na próxima semana. Para aprovar o texto, o relator Arthur Maia (PPS-BA) fez várias alterações em pontos que enfrentavam resistência, como redução da idade mínima para aposentadoria das mulheres – de 65 para 62 anos.
Sobre a Lava Jato, o ex-presidente se diz tranquilo, apesar de achar que sofre uma “perseguição” há pelo menos três anos. “Quero ver acharem 50 centavos meus em alguma conta por aí”, protestou. A respeito da possível delação do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci, Lula afirma que não está preocupado e que só Palocci sabe se cometeu algum erro, algum delito. “Se ele vai fazer delação ou não, é uma decisão dele”, afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)