Grupo da família Bin Laden demite 77 mil na Arábia Saudita
Em dificuldades financeiras, conglomerado, que atua na construção civil, pode cortar, além de estrangeiros, também 12 mil funcionários sauditas
O grupo empresarial saudita BinLadin, do ramo da construção e fundado pelo pai de Osama Bin Laden, demitiu 77.000 trabalhadores estrangeiros e pode fazer o mesmo com outros 12.000 funcionários locais.
Segundo informou nesta segunda-feira o jornal saudita Al Watan, que cita fontes do conglomerado, a empresa entregou o visto de saída do país a 77.000 trabalhadores estrangeiros até este domingo. A medida equivale a demissão e expulsão da Arábia Saudita.
A previsão é que o mesmo ocorra com outros 12.000 trabalhadores sauditas, dos 17.000 que trabalham nas empresas do grupo. Os demitidos sauditas incluiriam diretores, engenheiros, funcionários da área administrativa e supervisores, segundo detalhou a publicação, que não especificou os motivos da medida.
Cerca de 50.000 trabalhadores estrangeiros que perderam o emprego recentemente se recusaram a sair Arábia Saudita até receber o pagamento dos quatro meses de salários atrasados. O conglomerado emprega cerca de 200.000 pessoas na Arábia Saudita.
Os demitidos protagonizaram protestos nos últimos dias em frente à sede do grupo, no bairro de Al Salama, na cidade de Jidá, no litoral do Mar Vermelho. Segundo a emissora saudita Al Arabiya, sete ônibus da empresa foram queimados nos arredores da sede.
Na rede social Twitter, muito popular na Arábia Saudita, os usuários se manifestaram para exigir o cumprimento de seus direitos trabalhistas. A fonte citada pelo Al Watan afirmou que a empresa vai pagar pelo menos 70% dos salários atrasados aos operários estrangeiros para que possam retornar a seus países.
Origem dos problemas – O grupo BinLadin, criado em 1931, se dedica principalmente à construção e realiza grandes projetos de infraestrutura na Arábia Saudita e em outros países do Oriente Médio. A empresa entrou em crise após ser responsabilizada por um grave incidente em setembro do ano passado na cidade santa de Meca, onde morreram 107 pessoas e 238 ficaram feridas com a queda de um guindaste no interior da Grande Mesquita.
De acordo com as investigações, a principal causa da queda do guindaste foi a forte ventania, mas o comitê investigador responsabilizou parcialmente a prestadora de serviços BinLadin. Após o incidente, as autoridades sauditas proibiram a empresa de assumir novos projetos nacionalmente.
Atualmente, o grupo tem dívidas de 4,8 bilhões de riales (1,27 bilhão de dólares), que vencem em 2017, e outros 595 milhões de riales (158 milhões de dólares) com vencimento em 2018, segundo dados divulgados pelo jornal saudita Al Okaz.
(Com EFE)