Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Reforma permite reduzir salários, dizem entidades

Relator nega retirada de direitos e diz que reforma atualiza legislação que já tem mais de 70 anos

Por Da redação
Atualizado em 25 abr 2017, 11h46 - Publicado em 24 abr 2017, 16h27

O projeto de reforma trabalhista, previsto para ser votado nesta semana na Câmara, anula direitos que protegem o trabalhador desde 1º de maio de 1943, quando foi criada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Isso é o que diz estudo feito pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) sobre o texto que será votado.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e MPT (Ministério Público do Trabalho) também alertam para a retira da de direitos que levarão à precarização do trabalho e redução da massa salarial.

Segundo Antonio Augusto Queiroz, diretor do Diap, a reforma permitirá que empresas reduzam salários de seus funcionários. “Isso pode acontecer pela terceirização, pela pejotização (contratação de autônomos com jornada regular e subordinação) e até mesmo pela negociação direta com o trabalhador.”

O relatório de reforma trabalhista, do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), determina que os acordos trabalhistas prevalecerão sobre o legislado. Para essas entidades, a mudança abre brecha para uma série de retiradas de direitos.

“O Brasil carece de reformas que o tornem um país mais justo e apto para progredir, nada ganhando com leis que atraiam o retrocesso, tal como a proposta de aniquilamento da legislação trabalhista protetiva, destinada a criar subclasses de trabalhadores com poucos direitos, contratos precários e remunerações indignas”, diz o presidente da OAB, Claudio Lamachia.

Continua após a publicidade

Para o Ministério Público do Trabalho, o projeto cria uma categoria de empregados com redução de proteção legal, abrindo margem para contratação de direitos inferiores aos assegurados pela CLT.

“Essa categoria, com formação de nível superior e salário igual ou superior a duas vezes o teto da Previdência Social (10.379 reais), poderá negociar individualmente com seus patrões todos os direitos indicados no art. 611-A da CLT, que, pela nova redação da proposta passaram a ser exemplificativos. O que, na prática, simplesmente lhes retira a proteção legal e muitos outros aspectos da relação de emprego”, diz a Procuradoria.

O MPT diz ainda que a proposta incentiva a fraude pelo desvirtuamento do trabalho autônomo, pois cria a figura do autônomo que presta serviços contínuos e com exclusividade para uma empresa.

Queiroz, do Diap, critica ainda o fato de a reforma permitir que os trabalhadores deem uma espécie de salvaguarda para as empresas contra ações na Justiça. “Anualmente, os trabalhadores assinar um termo dizendo que a empresa cumpriu tudo o que devia.”

Relator nega retirada de direitos

Rogério Marinho, relator da proposta de reforma trabalhista, nega que seu texto retire direitos do trabalhador. Segundo ele, a redução da jornada de trabalho com consequente redução salarial já está prevista na Constituição. “Há uma questão ideológica pautando o julgamento do tema. A reforma está modernizando uma lei que já tem 70 anos, muita coisa mudou desde que a CLT foi criada.”

Continua após a publicidade

Sobre a questão de as empresas demitirem seus funcionários para depois contratá-los pagando menos, por meio da terceirização ou pejotização, Marinho diz que a reforma cria uma proteção. “Há um período de carência de 18 meses para a empresa poder recontratar o mesmo funcionário. Que empresa pode abrir mão de seus funcionários por esse tempo?”, afirmou.

Mauricio Corrêa da Veiga, especialista em direito trabalhista, diz que a reforma não é “esse bicho de sete cabeças” que está se pintando. “Existe um limite do negociado sobre o legislado. Não se pode reduzir direito sem criar contrapartidas.”

Na opinião do especialista, a reforma vai fazer com que os trabalhadores cobrem mais de seus representantes, que são os sindicatos. “Vai passar a exigir uma maior responsabilidade na escolha dos representantes, pois são eles que farão os acordos.”

A reforma trabalhista prevê o fim da cobrança do imposto sindical, que desconta um dia de salário de cada trabalhador, mesmo que ele não seja sindicalizado. O dinheiro financia sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais. a arrecadação com a contribuição sindical totalizou 3,5 bilhões de reais.

Marinho critica o que chama de ‘corporativismo e falta de sensibilidade’ sobre a necessidade de reformulação das leis trabalhistas. “O Brasil tem 137 milhões de pessoas em idade laboral. 38 milhões têm carteira assinada e 11 milhões são servidores. Onde estão os outros 88 milhões? São PJs, estão na informalidade.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.