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Como fazer o dinheiro durar enquanto estiver desempregado

É preciso se concentrar em readequar as despesas para que o valor recebido com a rescisão e o FGTS durem, pelo menos, até o novo emprego

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 dez 2016, 17h50 - Publicado em 29 dez 2016, 17h45

O desemprego atingiu nível recorde, de 12,1 milhões em novembro, segundo divulgou o IBGE nesta quinta-feira – e a recuperação ainda deve demorar a vir. O presidente Michel Temer disse hoje que acha muito provável que o desemprego venha a cair apenas no segundo semestre de 2017. Diante dessa perspectiva, especialistas apontam caminhos para fazer o dinheiro durar por mais tempo sem comprometer o bem-estar da família, mesmo que os gastos e a situação financeira sejam muito diferentes de pessoa para pessoa:

Reavaliar a situação

A primeira medida a ser tomada ao ser demitido é expor a situação para a família, de modo que todos saibam da nova realidade e se adaptem a ela.”Não adianta estar remando para um lado e a família estar remando para outro. O pai estar economizando, e o filho, gastando.”, diz  o planejador financeiro Valter Police Junior. Dividir o problema também permite que todos apoiem uns aos outros, um auxílio emocional importante em momento que costuma ser de grande dificuldade. “Já conheci pessoas que tinham sido demitidas e não contavam isso em casa por vergonha”, diz José Vignoli,  educador financeiro do SPC Brasil.

Outro tipo de análise necessária logo num primeiro momento é a do padrão de consumo em que se encontra. Com o crédito fácil, a economia em expansão e a empregabilidade alta vista nos últimos anos, muitas pessoas decidiram subir de patamar – como comprar uma casa melhor, frequentar lugares mais caros, comprar mais itens supérfluos.

Esse tipo de mudança é normal em momentos de bonança, mas é possível que o padrão não seja mais sustentável na condição atual. Nessa hora, vale ter humildade para voltar aos padrões antigos e deixar de lado a preocupação com que os outros vão pensar. “Sem poupar e com crédito, muita gente acaba tentando preservar um status pagando juros. Isso é uma receita complicada”, exemplifica Vignoli.

Adequar o orçamento

A tarefa básica para ter um planejamento familiar que permita atravessar desemprego com tranquilidade é ter um controle de receitas e despesas. É preciso se concentrar em readequar as despesas para que o valor recebido com a rescisão e o FGTS durem, pelo menos,  até conseguir estar empregado de novo.

Essa estimativa varia de acordo com diversos fatores, como profissão, cargo, e região, por exemplo, e uma dica é analisar a situação de pessoas com perfil semelhante ao seu. O cálculo não precisa ser exato, mas é necessário fazer ao menos uma estimativa. “Não dá pra saber o quanto vai demorar para se recolocar, mas dá pra saber o quanto que se tem para gastar”, explica Flávio Calefi, economista da Boa Vista SCPC.

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Decidir qual gasto é importante manter e qual pode ser cortado é uma escolha que depende do valor que eles agregam, ou seja, o quanto de felicidade cada item traz. Um caminho para organizar prioridades é dividir as despesas em três grupos: as que não podem ser cortadas, as que podem ser reduzidas e as que podem ser excluídas.

No primeiro, estão os itens essenciais nos quais não é possível ficar sem, como moradia, plano de saúde e educação. Embora sejam itens que vão permanecer no orçamento mesmo se estando desempregado, é o tipo de gasto sujeito à reavaliação do estilo de vida. Se não dá pra ficar sem pagar o aluguel, é preciso saber se o padrão de casa atual condiz com a situação financeira. “É preciso perguntar: será que eu não aluguei um apartamento que estava além das minhas possibilidades? “, diz Vignoli.

No segundo grupo, itens cujo consumo que não serão cortados, mas cujo gasto pode diminuir. Entre eles estão despesas não costuma ser controladas em tempos de bonança, como água e luz, e aquelas cujo gasto pode ser otimizado, como planos de celular e bancos. “Existe um pacote gratuito de serviços mínimos que os bancos devem oferecer para quem tem conta corrente”, explica Diógenes Donizete, coordenador do Procon-SP.

As despesas do terceiro grupo são as que agregam pouco valor e podem ser dispensadas, como um plano de academia de ginástica em que as faltas são constantes, a assinatura de um jornal que ninguém na casa leia, ou um pacote de TV à cabo se o aparelho raramente é ligado. “A pergunta que deve ser feita é: ‘eu uso, mas dá para ficar sem?'”, diz Police Junior.

Buscar receitas

A busca por um novo emprego deve começar logo após a saída do anterior, com a distribuição de currículos e a retomada de contatos profissionais. Mas enquanto ele não vem – e depois de reajustadas as contas da família – é importante buscar novas fontes de receitas temporárias. Entre as possibilidades estão atividades que podem ser feitas de forma autônoma, como dar aulas de reforço, prestar consultorias e vender salgadinhos.

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Uma ajuda para pensar é olhar as profissões que podem ser classificadas como Microempreendedor Individual, modalidade voltada para quem deseja ter um negócio que fature até 60.000 reais por ano. “É possível fazer alguma renda extra sem se complicar com impostos”, aponta Lucas Madaleno, da LM Finanças Pessoais. A recomendação é se concentrar em habilidades que a pessoa já domina e evitar negócios com os quais não se tenha nenhuma familiaridade, mas tentar alguma coisa. “A regra básica é: queime sola de sapato. Não adianta ficar esperando o telefone tocar, que ele não vai”, alerta Vignoli.

O que não fazer

Recorrer a crédito para não precisar vender algo não é recomendável por causa do risco e do alto custo financeiro para empréstimos atualmente. “Se você tentar manter um patrimônio e não der certo, pode ser que tenha que vendê-lo mesmo assim mais adiante. E na urgência, vende-se a preço de banana”, explica Police Junior.

Vender patrimônio deve ser um recurso utilizado somente quando as reservas estiverem no fim – o objetivo do planejamento financeiro é justamente adiar ao máximo essa situação. Caso seja realmente necessário, o mais indicado é se desfazer primeiro de reservas de maior liquidez – ou seja, aquelas que podem ser convertidas em dinheiro mais facilmente – como poupança, fundos DI e CDBs. Em último da lista está mexer em um plano de previdência privado – além de comprometer uma reserva importante para o futuro, os descontos e impostos pagos por sacar esse dinheiro antes do prazo são muito altos.

Outra alternativa ruim é usar o dinheiro para antecipar o pagamento de dívidas para economizar com juros. A exceção são as dívidas que tem juros altos, como cartão de crédito e cheque especial, que devem ser pagos no dia do vencimento. O pagamento de dívidas deve estar previstos no orçamento, mas não há necessidade de adiantá-los. “Nesses momentos, o que é muito comum e vale a pena fazer, é tentar até renegociar com credores”, orienta  Calefi.

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