Comércio Brasil-Argentina cai 31% em quatro anos
Retração afeta diversos setores industriais brasileiros, sobretudo o setor automotivo, já que a Argentina compra 80% dos carros de passeio do país
O intercâmbio comercial entre Brasil e Argentina deve recuar de um pico de 39,6 bilhões de dólares em 2011 para 27,1 bilhões de dólares em 2015, segundo estimativa da consultoria argentina Abeceb.com, publicada pelo jornal Valor Econômico, nesta quarta-feira. De janeiro a maio, a corrente de comércio bilateral foi de 9,72 bilhões de dólares, 19% menor do que os 12 bilhões de dólares registrados no mesmo período de 2014. A retração afeta diversos setores industriais brasileiros, sobretudo o setor automotivo, já que a Argentina compra 80% dos carros de passeio de até 3 mil cilindradas exportados pelo Brasil.
Desde o ano passado o Brasil enfrenta mais dificuldades para exportar para o vizinho. Numa tentativa de segurar as reservas em moeda estrangeira, o governo argentino aumentou as restrições à entrada de produtos. Mas neste ano foi a vez de os argentinos sentirem o impacto da queda da demanda no mercado brasileiro, o que afetou, especialmente, suas exportações de automóveis. Somente em maio, as vendas externas argentinas para o Brasil caíram 30,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
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Segundo analistas, o impacto da desvalorização do real em contraste com o peso oficial agrava a perda de competitividade dos produtos argentinos. A relação bilateral sofre tanto com a queda na demanda como com as restrições impostas pelo governo vizinho. E a política restritiva não deve mudar até o fim do mandato da presidente Cristina Kirchner, em 10 de dezembro.
“No setor automotivo formou-se um ciclo: a Argentina exporta menos para o Brasil em razão na queda da demanda. A partir disso, o governo argentino reduz as autorizações de importação de peças o que naturalmente provoca queda na produção de veículos”, diz Maurício Claveri, coordenador de comércio exterior da Abeceb.com. Além disso, o Banco Central (BC) acumula uma dívida com os importadores que, segundo economistas, está em cerca de 5 bilhões de dólares.
(Da redação)