Por Danielle Fonseca
SÃO PAULO, 15 Jun (Reuters) – O cenário externo mais positivo nesta sexta-feira, diante da esperança de que vários bancos centrais possam agir no caso de maior estresse com a eleição grega, e a expectativa de que o governo brasileiro possa tomar mais medidas em relação ao câmbio fizeram o dólar cair ante o real pela segunda sessão seguida.
O dólar fechou em queda de 0,66 por cento, cotada a 2,0444 reais na venda, depois de bater a mínima de 2,0371 reais -baixa de 1,01 por cento. Na semana, porém, a moeda norte-americana acumulou alta de 1 por cento, por causa da maior aversão ao risco no exterior e especulações vistas no início da semana.
“Não houve nada de diferente hoje nos mercados, o dólar se manteve em torno de 2,04 reais. Continuam as expectativas de que o governo pode retirar o IOF para a posição vendidas no mercado futuro e tomar outras medidas”, disse o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros.
Uma importante integrante da equipe econômica afirmou à Reuters na quinta-feira que o governo já estuda novas medidas para melhorar o fluxo de recursos externos e diminuir a volatilidade no câmbio, entre elas reduzir a alíquota do IOF na posição líquida vendida em derivativos cambiais e nos investimentos estrangeiros em renda fixa.
Também na véspera, o governo decretou a redução do prazo sobre empréstimos externos que tem incidência da alíquota do IOF de 6 por cento para até dois anos. O prazo anterior era para até cinco anos.
Para Medeiros, a medida sobre empréstimos externos não tem um impacto imediato no fluxo ao Brasil, mas medidas como redução do IOF sobre a posição vendida em derivativos poderia ter um impacto maior e de fato ajudar o dólar a voltar a ter uma tendência de queda ante o real.
Além do cenário doméstico, Medeiros também citou o quadro internacional, com esperança de que o partido grego a favor do pacote de ajuda internacional possa vencer as eleições na Grécia no domingo, além da expectativa de que caso o resultado seja ruim, os bancos centrais mundiais devam tomar medidas.
Na quinta-feira, a Reuters informou que os bancos centrais das principais economias estão prontos para adotar ações para estabilizar os mercados financeiros e prevenir um aperto do crédito caso o resultado das eleições na Grécia no domingo cause tumulto nas operações.
Um economista, que prefere não ser identificado, também citou a menor aversão ao risco como um dos fatores que tem sustentado a queda do dólar e acredita que, com isso, não houve necessidade de o Banco Central intervir no mercado.
A autoridade monetária não faz leilões de swap cambial tradicional -equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro- já por quatro sessões seguidas.
“Acredito que ele (o BC) está analisando, o mercado está mais otimista, se o câmbio tivesse se valorizando, em tendência inversa a lá fora, ai sim ele poderia atuar. Mas acho que o BC também está acompanhando o fluxo, além de estar preocupado a nãoestabelecer um patamar de atuação, mas deixar em aberto”, disse.(Edição de Patrícia Duarte)