SÃO PAULO, 15 Jun (Reuters) – O alívio temporário nos mercados acionários devido aos planos dos bancos centrais das principais economias do mundo para fornecer liquidez ao sistema financeiro caso o resultado da eleição da Grécia no domingo cause turbulências puxava o dólar para baixo ante o real na sessão desta sexta-feira.
Agentes de mercados destacavam ainda que a mudança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em empréstimos externos e a expectativa de novas medidas do governo também influenciavam a desvalorização da divida norte-americana no mercado brasileiro.
Às 11h37 (horário de Brasília), o dólar recuava 0,60 por cento, para 2,0456 reais. Em relação a uma cesta de divisas , a moeda dos Estados Unidos perdia 0,31 por cento.
Os principais bancos centrais aproveitaram esta sexta-feira para examinar seus arsenais, preparando-se para qualquer turbulência proveniente dos resultados da eleição na Grécia, que podem definir o futuro do país na zona do euro.
O Banco Central Europeu (BCE) indicou um possível corte da taxa de juros e a Grã-Bretanha mostrou-se pronta para abrir os cofres, alimentando o apetite por risco no exterior.
“O mercado ficou a semana inteira bem estressado, e hoje está um pouco melhor por causa das expectativas de ação antes das eleições da Grécia”, afirmou o gerente de câmbio da Icap Corretora, Italo dos Santos.
A alteração do IOF anunciada na quinta-feira continuava influenciando o mercado de câmbio nesta sessão, de acordo com analistas. O governo decretou a redução do prazo sobre empréstimos externos que tem incidência da alíquota do IOF de 6 por cento para até dois anos. O prazo anterior era para até cinco anos.
“De fato, a medida do governo tem pouco efeito prático porque é para médio prazo. Mas tem forte impacto emocional, pois mostra que o governo realmente não quer o dólar para cima”, afirmou o operador de câmbio da Interbolsa do Brasil, Ovidio Soares.
Uma importante integrante da equipe econômica disse à Reuters na quinta-feira que o governo já estuda novas medidas para melhorar o fluxo de recursos externos e diminuir a volatilidade no câmbio, entre elas reduzir a alíquota do IOF na posição líquida vendida em derivativos cambiais e nos investimentos estrangeiros em renda fixa.
Santos, da Icap, confirmou que a ação do governo na véspera colocou na cabeça do mercado a possibilidade de novas medidas. “Eu acho que ainda é precipitado falar em redução de IOF para derivativo, mas o fato de falarem (o governo) em IOF, faz o mercado pensar automaticamente nisso”, afirmou.
Na quinta-feira, o dólar fechou em queda de 0,67 por cento, a 2,0579 reais, interrompendo três sessões consecutivas de alta.(Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Alexandre Caverni)