Aumento do IOF não afasta investimento externo de longo prazo
Esta é a avaliação do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin
“O longo prazo vai continuar vindo. O perfil que queremos de estrangeiros para o país é o que venha para ficar”, disse Augustin
Para o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) vai inibir o investimento externo de curto prazo, mas não os investimentos estrangeiros em papéis da dívida interna com prazos mais longos. Em entrevista nesta terça-feira, Augustin disse que a decisão do Ministério da Fazenda “diminui a volatilidade, tanto do câmbio quanto da relação com o título da dívida pública”.
“O longo prazo vai continuar vindo. O perfil que queremos de estrangeiros para o país é o que venha para ficar”, disse Augustin. Ele afirmou que, desde que o governo adotou o IOF para entrada de capital externo direcionados para renda fixa, o Tesouro vem trabalhando com uma estratégia de oferta de títulos com o prazo mais longo.
Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor de política monetária do Banco Central, avalia que as medidas foram tomadas com a expectativa de que fossem tão eficazes quanto a elevação anterior do IOF, que realmente teve sucesso na contenção da valorização do real. Porém, ele alerta que o momento atual é bem diferente, com política monetária expansionista em vários países, como Estados Unidos e Japão. “Nessa situação, o IOF teria que chegar a um patamar muito mais elevado”, disse.
Segundo ele, a elevação da alíquota do IOF teria que ser muito maior para garantir alguma depreciação da moeda brasileira. O economista sugere que seja feita uma calibragem da dosagem do IOF com as decisões sobre a taxa Selic a serem tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom). “A cada reunião do Copom, Selic e IOF deveriam mudar simultaneamente”, acredita. Thadeu de Freitas admite que o poder de fogo do Ministério da Fazenda sobre o câmbio, no momento, concentra-se no IOF, mas acredita que poderia ser tomada a medida adicional de limitar prazos mínimos para captações externas, por exemplo de 10 a 15 anos, também como forma de conter a enxurrada de capital especulativo.
(Com Agência Estado)