Aporte à Caixa e BB pressiona aumento da dívida pública
Em operação realizada em setembro, a Caixa recebeu aporte de R$ 13 bilhões e o BB, de R$ 8,1 bilhões
A Dívida Pública Federal (DPF) foi pressionada em setembro pelo aporte de 21,1 bilhões de reais do Tesouro Nacional ao Banco do Brasil (BB) e à Caixa Econômica Federal (CEF). A Caixa recebeu aporte de 13 bilhões de reais e o BB, de 8,1 bilhões de reais. A operação foi feita no final de setembro com títulos públicos.
Em setembro, a dívida aumentou em 10,02%, totalizando 1,904 trilhão de reais. As emissões tiveram saldo líquido de 23,53 bilhões de reais no mês passado. Já a Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) foi ampliada em 2,09% em setembro, chegando a 1,816 trilhão de reais. O resultado foi influenciado pela emissão líquida de 23,74 bilhões de reais e por um pagamento de juros no valor de 13,41 bilhões de reais. Com relação ao estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe), o aumento foi um pouco menor, de 0,57% em setembro. No mês passado, o saldo ficou em 88,93 bilhões de reais.
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Aporte – A injeção de recursos foi autorizada para aumentar a capacidade de oferta de crédito das duas instituições públicas e impactou o estoque da Dívida Pública Federal em 21,1 bilhões de reais. Em setembro, o Tesouro fez, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, emissão líquida de 23,68 bilhões de reais. No ano até setembro, o Tesouro fez resgate líquido de títulos de 115,11 bilhões de reais.
A participação dos investidores estrangeiros na Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) registrou uma leve alta, de 13,34% em agosto, para 13,42% em setembro. Em valores nominais, os estrangeiros detinham 243,68 bilhões de reais no mês passado. Conforme o Tesouro, esse grupo de investidores possuía 78,1% de sua carteira em títulos prefixados.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Fernando Garrido, projetou nesta segunda-feira que a fatia de títulos indexados à taxa básica de juros (Selic) será de 22% a 23% no final de dezembro. Pelos dados de setembro, a parcela desses papéis da dívida caiu de 24,68% em agosto para 22,79% no mês passado. Segundo Garrido, essa queda é atribuída ao vencimento já esperado de títulos para a data. O valor total dos papéis desse tipo que expiraram no mês passado foi de cerca de 26 bilhões de reais.
Bancos públicos – De todas as emissões realizadas no mês passado, Garrido ressaltou que 31,2 bilhões de reais foram de títulos emitidos em oferta pública tradicional, 6,1 bilhões de reais em leilões de troca e 21 bilhões de reais em créditos para Caixa e Banco do Brasil. Questionado sobre se a injeção de recursos nessas instituições – que lideram um movimento de redução dos juros cobrados aos clientes – não seria anticoncorrencial, o coordenador explicou que os bancos públicos têm funções diferentes dos privados, como custeio à safra agrícola e financiamento do Minha Casa, Minha Vida.
O coordenador confirmou também que o prazo médio da Dívida Pública Federal (DPF) fechará o ano num patamar “ligeiramente” acima da banda prevista no Plano Anual de Financiamento (PAF). No PAF, o Tesouro projetava uma banda mínima de 3,6 anos e máxima de 3,8 anos. Em setembro, o prazo médio fechou estável em 4,05 anos – mesmo patamar de agosto que já era recorde histórico. Nesse caso, quanto maior o prazo, melhor para a gestão da dívida pública.
Segundo Garrido, o Tesouro não vê com preocupação o fato de a DPF fechar o ano acima do PAF. Ele ressaltou que o alongamento é positivo. “Temos verificado uma demanda por alongamento bastante significativa por parte dos investidores, buscando maior rentabilidade. Esse alongamento é bastante positivo para o Tesouro. Não vemos com preocupação o fato de estar acima do PAF”, disse Garrido.
(com Agência Estado)