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Ajuda do FMI à Ucrânia pode afetar credibilidade do Fundo

Analistas afirmam que o resgate emergencial não deve ocorrer se o país não dispuser de condições para implantar um plano de austeridade

Por Da Redação
4 mar 2014, 17h03

Chamado ao resgate por Kiev, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sofre pressão de todas as frentes para dar luz verde a um plano de ajuda, com o risco de afetar sua própria credibilidade. Os especialistas do FMI iniciaram nesta terça-feira em Kiev reuniões com as novas autoridades para analisar a situação da economia ucraniana e desenhar um plano de ajuda, enquanto o país se afunda na instabilidade e diz estar à beira da quebra.

A aprovação de um empréstimo do Fundo parece se encontrar em um horizonte longínquo, embora a pressão sobre a instituição já seja sentida. No domingo, os ministros da Economia dos sete países mais industrializados (G7) disseram que o FMI era o “mais preparado” para apoiar financeiramente a Ucrânia.

Os Estados Unidos, primeiro acionista do FMI e a favor do novo regime em Kiev, informaram que o Fundo deve figurar no centro de um plano econômico de ajuda à Ucrânia. Enquanto isso, Washington ofereceu ao país europeu 1 bilhão de dólares no âmbito de um empréstimo internacional, segundo o secretário de Estado, John Kerry.

A Europa, outro peso pesado do Fundo, é mais cautelosa. “Nenhum estado membro (do bloco) se moverá sem a avaliação do FMI das necessidades financeiras da Ucrânia”, disse uma fonte europeia.

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O FMI já havia assegurado estar “pronto para responder” ao chamado ucraniano, embora precise equilibrar sua resposta com suas próprias normas de funcionamento e evitar reacender as críticas de alguns países de que a instituição cede às pressões do Ocidente. Pelas normas internas, o FMI empresta dinheiro a um país apenas em troca de medidas de austeridade e se a condição das finanças públicas garantirem que haverá reembolso.

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Contudo, essas regras foram levadas adiante de forma errada, especialmente após o primeiro plano de ajuda à Grécia em 2010, em meio à pressão política e ao pânico por um possível colapso da zona do euro. Em 2013, o FMI admitiu inclusive ter aprovado o empréstimo sem que seus especialistas tivessem garantido que a dívida grega era “viável”.

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Comparação limitada – A comparação entre Grécia e Ucrânia, contudo, tem limites. A dívida acumulada por Atenas alcançou 142,8% do PIB em 2010 enquanto a da Ucrânia deve chegar a 44,7% no final de 2014, segundo o FMI. Mas alguns analistas duvidam que o FMI volte a ceder à pressão de seus acionistas mais poderosos. “O FMI deve preservar sua credibilidade evitando infringir suas próprias regras”, declarou à AFP o representante brasileiro no conselho de administração, Paulo Nogueira Batista, que se expressou a título pessoal. “O Fundo não pode se permitir ser visto como um instrumento político” dos norte-americanos e dos europeus, acrescentou.

Por sua vez, a Ucrânia não tem uma boa imagem no FMI. Kiev já deve desembolsar 4,5 bilhões de dólares ao Fundo até o final de 2015, e viu como um programa anterior de ajuda foi interrompido em 2011 após postergar certas reformas. Com um governo frágil, os temores aumentam. “A capacidade de aplicar um programa de reformas é uma preocupação para todo o mundo”, disse à AFP outra fonte do FMI.

O Fundo não quis fazer comentários oficiais e mencionou as declarações de quinta-feira de seu porta-voz, que afirmou que a instituição trabalharia na Ucrânia com “independência”. Contudo, fontes dizem que internamente ocorrem pressões enormes, embora garantam que o FMI saberá resistir. “O FMI enfrenta uma situação excepcional, mas não nos precipitaremos. Tem a vontade de atuar serenamente, respeitando os procedimentos”, afirmou à AFP uma fonte interna.

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A diretora gerente do FMI, Christine Lagarde, destacou na sexta-feira que, no momento, a economia ucraniana não dá razões para entrar em “pânico”.

Segundo Desmond Lachman, ex-economista do FMI, os ocidentais devem pensar se querem ajudar com urgência a Ucrânia sem afetar o crédito do FMI. “Se os ocidentais querem dar dinheiro à Ucrânia, (a ajuda) deve chegar de forma bilateral por parte dos principais protagonistas. O FMI deve negociar seu próprio programa”, disse.

(Com agência France-Presse)

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