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Testes de QI são imprecisos, diz estudo

Pesquisa defende a existência de diversos tipos de inteligência relacionados a diferentes áreas do cérebro. Por isso, os atuais testes de QI são 'uma simplificação enorme', diz cientista

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h24 - Publicado em 4 jan 2013, 16h53

Testes padronizados de quociente de inteligência (QI) geram resultados enganosos. É o que mostra um estudo feito a partir da maior enquete on-line sobre o tema, que envolveu milhares de pessoas de várias culturas, idades, credos e nacionalidades. Segundo um dos autores da pesquisa, Adam Hampshire, da Universidade Western Ontario, há diferentes tipos de inteligência, relacionadas a diferentes áreas do cérebro, e por isso não é possível medir a capacidade intelectual sem exames mais detalhados. “Uma pessoa pode ser forte em uma área, mas isso não significa que será forte em outra”, diz o pesquisador, em entrevista ao site de VEJA.

A pesquisa, publicada na revista Neuron em dezembro, contou com a participação via internet de mais de 100.000 pessoas. Elas responderam a uma pesquisa de hábitos e histórico de vida e a 12 testes cognitivos relacionados a memória, raciocínio, atenção e capacidade de planejamento.

Leia mais:

Estudo questiona utilidade dos testes de QI

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Fractionating Human Intelligence

Onde foi divulgada: revista Neuron

Quem fez: Adam Hampshire, Roger R. Highfield, Beth L. Parkin e Adrian M. Owen

Instituição: Universidade de Western Ontario, Canadá

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Dados de amostragem: Mais de 100.000 pessoas

Resultado: Medir a inteligência através de testes padronizados é enganoso.

Os resultados mostraram que quando uma vasta gama de capacidades cognitivas é explorada, as variações observadas são explicadas por pelo menos três diferentes componentes: memória de curto prazo, raciocínio e um componente verbal. Exames de ressonância magnética mostraram que as diferentes habilidades cognitivas estão localizadas em circuitos distintos do cérebro e que não há um “fator geral” de inteligência coordenando as diversas capacidades. Este “fator geral” é a premissa dos testes tradicionais de QI.

Por conta da variedade de entrevistados, os resultados forneceram novas informações sobre como fatores como idade, gênero e hábitos influenciam a função cerebral. De acordo com o neurocientista Adrian Owen, coautor da pesquisa, o treinamento cerebral regular (como jogos criados para desenvolver as habilidades cognitivas) não ajuda o desempenho cognitivo como um todo. O envelhecimento pode ter um profundo efeito negativo sobre a memória e as habilidades de raciocínio. Pessoas que regularmente jogam no computador tiveram um desempenho significativamente melhor em termos de raciocínio e de memória de curto prazo. Fumantes se saíram mal em memória de curto prazo e componentes verbais, e os que sofrem de ansiedade tiveram baixo desempenho em memória de curto prazo.

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De acordo com Hampshire, a pesquisa não tem como objetivo acabar com os testes de QI, nem sugerir que todas as pesquisas que usam os testes devam ser descartadas. “Eu sugeriria que testes de QI são uma simplificação enorme. Capturar o intelecto humano com precisão requer um conjunto de testes mais detalhados e que experimentem uma ampla gama de possibilidades”. Uma nova versão de testes foi lançada e está disponível na internet.

Adam Hampshire ()

“Testes de QI são uma simplificação enorme”.

Adam Hampshire

PhD em Neurociência Cognitiva

Por que o teste de QI não mede a inteligência?

Nosso estudo foi concebido para fornecer uma nova perspectiva sobre o que é a base da capacidade intelectual humana. O que os resultados mostraram foi bastante interessante. Existem diversos tipos de inteligência, cada qual relacionado a diferentes “redes” do cérebro. Historicamente, tem sido sugerido que existem diferentes tipos de inteligência, mas tem-se argumentado que todos eles são dominados por um fator geral – ou fator “g”. Acredita-se que é este fator geral que os testes de QI medem. No entanto, quando a imagem do cérebro e dados da internet foram considerados em conjunto, não houve evidências de uma rede “g” dominante no cérebro. Também não houve evidências para sugerir que as capacidades de redes que suportam estas diferentes formas de inteligência estão relacionadas. Consequentemente, uma única medida de QI é uma simplificação. Um indivíduo pode ser forte em uma área, mas isso não significa que será forte em outra.

Os testes de QI estão definitivamente mortos? O que irá substituí-los?

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Eu não estou tentando argumentar que testes de QI são completamente inúteis. Nem estou sugerindo que todas as pesquisas que usam testes de QI devam ser descartadas. Entretanto, eu sugeriria que testes de QI são uma simplificação enorme. Essas diferenças devem ser tratadas com cautela.

Qual é a melhor maneira de medir a inteligência de alguém? Ou a ideia de medir a inteligência é falha por si só?

Capturar o intelecto humano com precisão requer um conjunto de testes mais detalhados que meçam vários tipos de inteligência. Nós devemos procurar desenvolver testes mais diversos – que experimentem uma ampla gama de possibilidades, em oposição àqueles que medem o mesmo valor de QI tão próximo quanto possível. Este trabalho deve ser restrito e orientado por nossa crescente compreensão de como o cérebro está organizado em um sistema especializado.

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