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Seleção natural pode estar reduzindo ‘genes da educação’ humanos

Pesquisa indica que os genes que predispõem as pessoas a atingirem maiores níveis de instrução diminuíram nas últimas décadas entre cidadãos islandeses

Por Da redação
Atualizado em 18 jan 2017, 15h18 - Publicado em 18 jan 2017, 11h56

Um estudo divulgado nesta terça-feira no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences revela que os genes que predispõem as pessoas a passarem mais anos estudando vêm diminuindo nos últimos 80 anos. Curiosamente, segundo eles, o motivo é a seleção natural: pessoas com maiores graus de instrução estão tendo menos filhos, contribuindo menos para a transmissão dos genes às gerações futuras. Coordenada por cientistas da deCODE, empresa de pesquisa em genética localizada em Reykjavik, na Islândia, a pesquisa avaliou um banco de dados com informações sobre o genoma de quase 130.000 cidadãos islandeses.

“Essas descobertas são exemplos de como nós podemos usar a genética para esclarecer as causas e consequências evolucionárias de tendências sociais observadas na sociedade humana moderna”, afirma Kari Stefansson, CEO da deCODE e um dos autores do estudo, em comunicado. “Como uma espécie, somos definidos pelo poder dos nossos cérebros. A educação é o treinamento e refinamento das nossas capacidades mentais. Por isso, é fascinante descobrir que fatores ligados ao maior tempo gasto com educação está ficado cada vez mais raro no fundo genético.”

Os pesquisadores analisaram a taxa de natalidade de 129.808 pessoas nascidas na Islândia entre 1910 e 1990, que tiveram seus genomas sequenciados e comparados ao seu grau de instrução. Eles descobriram que havia um fator genético que predispunha os participantes a passar mais anos estudando, e desenvolveram uma “pontuação poligênica” baseada em 620.000 variações nas sequências genéticas.

Os resultados mostraram uma queda na pontuação média ao longo dos anos, que equivale a um decréscimo de 0,04 pontos no quociente de inteligência (QI) por década – um valor bem pequeno para períodos curtos de tempo, mas que pode causar um grande impacto a longo prazo. Se todos os genes que pudessem ser relacionados à educação fossem levados em consideração, os pesquisadores estimam que a queda seria de 0,3 pontos de QI por década.

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Famílias menores

Os pesquisadores também perceberam que aqueles com genes que indicavam uma propensão a estudar por mais tempo tendem a ter famílias menores. Os cientistas acreditam que esses genes possam também exercer uma influência a nível biológico na fertilidade, já que pessoas que carregam uma grande quantidade deles costumam ter poucos filhos.

“Não é o caso que a educação, ou as oportunidades profissionais que ela oferece, previnam você de ter mais crianças. Se você é geneticamente predisposto a ter mais educação, você também é predisposto a ter menos filhos”, explica Stefansson. Com uma menor quantidade de indivíduos nascendo nessas famílias, esses genes são passados a menos pessoas e, consequentemente, diminuem na população em geral.

Pesquisas anteriores já haviam ligado algumas sequências genéticas ao bom desempenho na escola. O novo estudo, no entanto, se limita a avaliar a população de apenas um país e está longe de prever o que acontecerá com a inteligência humana no futuro. Stefansson admite que os níveis de educação da população como um todo vêm aumentando nos últimos anos por conta da expansão do sistema educacional, e isso pode reverter a tendência identificada no estudo. “O tempo irá dizer se o decréscimo na propensão genética para a educação vai ter um impacto notável na sociedade humana”, diz.

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