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Rato com ‘flexibilidade sexual’ pode virar macho ou fêmea

Uma espécie de rato que vive no Japão não possui o cromossomo Y, mas é capaz de se desenvolver em machos e fêmeas graças a células ‘flexíveis’ especiais

Por Da redação
15 Maio 2017, 11h52

Um grupo de cientistas japoneses descobriu que as células de uma espécie ameaçada de rato são “sexualmente flexíveis”, e podem derivar em qualquer um dos dois sexos apesar de não possuir o cromossomo Y, essencial para que um indivíduo seja macho. Segundo o estudo, publicado nesta sexta-feira na revista Science Advances, a descoberta pode ajudar os pesquisadores a compreender como ocorre a reprodução em indivíduos que tem um modelo de cromossomos diferente do nosso e, mesmo assim, não formam indivíduos hermafroditas.

Esta espécie de roedores, denominada Tokudaia osimensis, vive em ilhas do Japão e se encontra em perigo de extinção na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês) devido à destruição de seu habitat. O que os pesquisadores fizeram foi gerar esperma e óvulos desses ratos e criar embriões, para observar o crescimento do filhote. Além de ajudar a compreender como ocorre o desenvolvimento dos sexos nestes animais, o procedimento utilizado na pesquisa poderia ser realizado em outras espécies em perigo de extinção, tornando possível reduzir o risco de vários animais ameaçados e “contribuir para salvar a biodiversidade”, comentou o pesquisador em biologia do desenvolvimento Arata Honda, da Universidade Miyazaki, no Japão, um dos autores do estudo. “Se temos pequenas partes de tecido ou células de um animal extinto, talvez possamos trazê-lo de volta para futuras pesquisas”, acrescentou.

Ausência do cromossomo Y

Na maioria dos mamíferos, incluindo humanos, o sexo biológico é determinado por uma combinação aleatória entre duas letras – ou melhor, cromossomos sexuais: X e Y. Se alguém herda um X da mãe e um X do pai, vai desenvolver ovários, um útero e uma vagina. Se alguém herdar um X da mãe e, do pai, um Y, vai desenvolver testículos e pênis. Porém, no mundo animal, há exceções raras e misteriosas. O caso dos Tokudaia osimensis é um deles – mesmo sem ter cromossomos Y, nascem como fêmeas ou machos, não hermafroditas.

Para descobrir como funciona a determinação do sexo nesses animais, os cientistas utilizaram uma amostra da cauda de uma exemplar fêmea do rato para gerar células-tronco pluripotentes induzidas (iPSC, na sigla em inglês), que podem dar lugar à maioria dos tecidos. Depois, eles injetaram essas células-tronco em embriões machos de ratos de laboratório e observaram que as células se desenvolveram e sobreviveram como precursores de esperma em machos adultos.

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A surpresa, para os cientistas, é que eles nunca foram capazes de gerar espermatozoides maduros a partir de células-tronco femininas, em grande parte porque a produção de espermatozoides normalmente requer o cromossomo Y. Isso, segundo Honda, pode significar que as células do Tokudaia osimensis podem ser modificadas para melhorar o entorno reprodutivo destes ratos.

Ninguém sabe como ou por que, mas em um determinado momento de sua história evolutiva esses animais perderam seu cromossomo Y e, junto com ele, um gene importante para o desenvolvimento anatômico de machos na maioria dos mamíferos, conhecido por Sex-determining Region Y (SRY, na sigla em inglês).  A principal teoria, levantada por estudos anteriores, é que outros genes envolvidos na diferenciação sexual masculina não foram perdidos, e sim transferidos do cromossomo Y para outras partes do genoma dos ratos, incluindo o cromossomo X.

(Com EFE)

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