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Radiação é obstáculo para missão tripulada até Marte

Pesquisadores usaram robô Curiosity para medir efeitos da jornada espacial. Resultado: uma única viagem até o planeta vermelho equivaleria à quase toda radiação que um astronauta pode absorver ao longo da vida inteira

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h20 - Publicado em 30 Maio 2013, 18h15

Missões tripuladas até Marte parecem estar cada vez mais perto da realidade. A Nasa já afirmou que pretende mandar astronautas ao planeta até 2030, e uma série de investidores privados anunciaram a intenção de fazer o mesmo antes disso – até mesmo para gravar um reality show. Um novo estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science lembra que esse tipo de missão não é tão simples assim. Segundo os pesquisadores, os riscos para um astronauta enviado até Marte começam antes mesmo de pousar no planeta. A quantidade de radiação a que ele estará exposto ao longo dos meses de viagem será próxima ao limite estabelecido pelas agências espaciais – o que pode significar sérios danos à saúde.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Measurements of Energetic Particle Radiation in Transit to Mars on the Mars Science Laboratory

Onde foi divulgada: periódico Science

Quem fez: C. Zeitlin, D. M. Hassler, F. A. Cucinotta, B. Ehresmann, R. F. Wimmer-Schweingruber, D. E. Brinza, S. Kang, G. Weigle, S. Böttcher, E. Böhm, S. Burmeister, J. Guo, J. Köhler, C. Martin, A. Posner, S. Rafkin, G. Reitz

Instituição: Instituto de Pesquisas Southwest, EUA

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Dados de amostragem: Níveis de radiação medidos durante os 253 dias de viagem do Mars Science Laboratory até Marte

Resultado: Os pesquisadores mediram uma exposição de 1,8 milisievert ao dia, equivalente a 0,66 Sievert por toda a viagem – próximo ao limite estipulado pela Nasa

Na Terra, essa radiação espacial não oferece nenhum tipo de perigo, pois ela é desviada pelo campo magnético do planeta. Nas viagens pelo espaço, no entanto, o astronauta não conta com a mesma proteção.

Os efeitos da radiação não costumam ser imediatos. Já no longo prazo, aumenta a incidência de câncer e de danos ao sistema nervoso.

Uma das radiações estudadas pelos pesquisadores é formada pelos chamados raios cósmicos galácticos. Eles são formados fora do Sistema Solar – provavelmente em supernovas – e podem atravessar a maioria dos escudos de proteção das espaçonaves. O outro tipo de radiação estudado corresponde às partículas energéticas solares, emitidas durante erupções na superfície do Sol.

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Medidas anteriores da radiação espacial haviam sido feitas com instrumentos completamente desprotegidos, que não representam as condições que um ser humano enfrentaria durante suas viagens. Dessa vez, o estudo foi realizado a bordo do Mars Science Laboratory, a nave que carregou o robô Curiosity até Marte durante 253 dias, entre 2011 e 2012. “Os dados de nosso estudo são diferentes porque o detector de radiação que usamos estava debaixo de uma boa proteção (um escudo, semelhante ao que seria usado em missões tripuladas)”, diz Cary Zeitlin, pesquisador do Instituto de Pesquisa Southwest, nos Estados Unidos.

Longa viagem – Os pesquisadores utilizam uma unidade chamada Sievert para medir os efeitos biológicos da radiação. Uma dose de 1 Sievert está associada a um aumento de 5% nas chances de um indivíduo desenvolver um câncer fatal. Essa é a dose que a maior parte das agências espaciais estipula como limite para que seus astronautas absorvam durante toda a sua vida.

A partir das informações coletadas no Mars Science Laboratory, os pesquisadores estimaram que uma jornada de 180 dias até Marte (a duração de uma viagem considerada rápida pela Nasa) exporia os tripulantes a 0,66 Sievert, ou dois terços de toda a radiação que eles podem absorver durante sua carreira. “A exposição radioativa que medimos está no limite do que é considerado aceitável – ou talvez tenha até passado do limite. É uma dose equivalente a se submeter a uma tomografia computadorizada a cada cinco ou seis dias”, afirma Zeitlin.

Superfície – Segundo os pesquisadores, os perigos poderiam ser ainda maiores, uma vez que o estudo não leva em conta a radiação na superfície do planeta. A próxima pesquisa do grupo deve usar o robô Curiosity para medir a quantidade de partículas no solo de Marte. “Esses resultados fornecerão informações adicionais para avaliar os cenários de futuras missões”, diz o pesquisador, que destaca que alguns desses cenários levam em conta mais de 500 dias de exploração na superfície do planeta – a parte mais longa de todo o projeto.

Os cientistas dizem que a pesquisa deve incentivar o desenvolvimento de proteções mais eficazes para as naves espaciais e métodos mais potentes de propulsão, que possam encurtar o tempo de viagem. “Isso deverá ser resolvido de um jeito ou de outro antes que os humanos possam ir ao espaço profundo.”

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