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Percepção do tempo pode mudar conforme o idioma

Cientistas encontram mais uma evidência de como a linguagem influencia na maneira de se enxergar o mundo.

Por Da Redação
Atualizado em 16 Maio 2017, 20h46 - Publicado em 15 Maio 2017, 16h35

A percepção do tempo, conceito abstrato universal, pode variar conforme o idioma falado. Segundo um estudo publicado recentemente no periódico científico Journal of Experimental Psychology, da Sociedade Americana de Psicologia, a linguagem molda as representações mentais da duração temporal, condicionando o modo de pensar. De acordo com o linguista Panos Athanasopoulos, da Universidade de Lancaster, na Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo, essa é mais uma vantagem de se aprender novas línguas, já que, junto ao idioma estão inseridas diferentes maneiras de se enxergar o mundo.

“Além de mostrarmos que bilíngues são pensadores mais flexíveis, há evidencias de que exercitar diferentes línguas diariamente pode aumentar a capacidade de aprendizado e de se realizar diversas tarefas ao mesmo tempo. Fora os benefícios a longo prazo, como o bem-estar mental”, disse o pesquisador em comunicado.

Para verificar a percepção do tempo em diferentes línguas, os cientistas contrastaram o sueco e o espanhol. Assim como os ingleses, os suecos comparam o tempo a distancias físicas, como se a sua passagem fosse uma distância percorrida. Já os espanhóis, tal como os gregos, o comparam a quantidades físicas, como se durações fossem ganho de volume.

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Idioma e a percepção do tempo

Em um primeiro experimento, quarenta hispanohablantes e quarenta suecos assistiram a vídeos com gráficos de linhas crescentes, enquanto eram instruídos, em sua respectiva língua, a determinar quanto tempo as retas levaram para subir. Em um deles, a reta crescia dez centímetros e, no outro, quinze, ambos em três segundos. Os espanhóis conseguiram acertar que os dois tinham a mesma duração, mas os suecos interpretaram que mais tempo se passou no vídeo em que o crescimento era maior. Os pesquisadores atribuíram o erro a percepção longitudinal que este grupo tem do tempo.

No segundo teste, os voluntários tiveram que estimar quanto tempo havia passado em vídeos de um recipiente sendo totalmente preenchido e outro, até a metade. Neste caso, foram os espanhóis que se enganaram, já que eles acreditaram que mais tempo se passou quando a vasilha se preencheu por completo. Os suecos, por sua vez, acertaram.

Em seguida, eles fizeram os mesmos exercícios com 74 pessoas que falavam tanto espanhol, como sueco. Quando as instruções eram dadas na língua espanhola, eles tiveram dificuldade de acertar a duração da filmagem com o preenchimento do recipiente e, quando dadas em sueco, não conseguiam estimar corretamente a duração dos vídeos com as linhas crescentes.

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Por fim, os pesquisadores fizeram testes sem instruções e, apenas após a exibição do vídeo, pediram para os participantes estimarem a duração. Os resultados foram praticamente os mesmos, exceto que os espanhóis tiveram mais dificuldade em acertar o tempo das linhas crescentes. Para os cientistas, isso mostra que a linguagem influencia o modo como se pensa apenas em certas circunstâncias e de maneiras distintas.

“Ao aprender uma nova língua, você fica habituado com percepções dimensionais que você não tinha consciência antes. O fato de bilíngues transitarem por essas maneiras diferentes de se estimar o tempo de forma inconsciente se encaixa nas crescentes evidências que mostram a facilidade com que a linguagem pode influenciar os nossos sentidos mais básicos, incluindo nossas emoções, nossa percepção visual, e, sabemos agora, até no nosso senso de tempo”, disse Athanasopoulos.

 

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