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Natureza violenta dos humanos foi herdada de ancestrais

Especialistas descobriram que o assassinato entre membros da mesma espécie pode estar profundamente enraizado na linhagem de macacos e 'Homo sapiens'

Por Da redação
Atualizado em 29 set 2016, 17h51 - Publicado em 29 set 2016, 13h15

Os humanos são seis vezes mais propensos a matar uns aos outros do que outros mamíferos, apontou uma pesquisa divulgada na última quarta-feira na revista científica Nature. Segundo os pesquisadores espanhóis, desde quando nossa espécie evoluiu para humanos modernos, cerca de 2% das mortes de Homo sapiens foram ocasionados por outros Homo sapiens. Os especialistas buscavam responder à pergunta: por que os humanos matam uns aos outros? A resposta pode estar na evolução – e na cultura, segundo o estudo.

Ao utilizar uma análise com base na biologia evolutiva, os especialistas descobriram que o assassinato entre membros da mesma espécie parece estar profundamente enraizado na linhagem de macacos, símios e Homo sapiens. Para chegar nos resultados, os pesquisadores espanhóis reuniram dados relativos a mais de 4 milhões de mortes em 1.024 espécies de mamíferos atuais, assim como a mais de 600 populações humanas desde a Idade da Pedra, cerca de 50.000 a 12.000 anos atrás, até hoje.

“Não são só genes que herdamos de ancestrais, mas também as condições do ambiente”, disse José María Gómez Reyes

Depois de coletar as informações, a equipe analisou a proporção de mortes cometidas por membros da mesma espécie em diferentes mamíferos e realizou uma árvore evolutiva. O que os especialistas descobriram foi que os humanos estavam relacionados proximamente aos mamíferos que apresentaram os maiores níveis de propensão a matar uns aos outros.

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A porcentagem média de assassinatos de membros da mesma espécie foi de 0,3%. Mas, quando o ancestral humano comum apareceu pela primeira vez, cerca de 200.000 a 160.000 anos atrás, a taxa foi de cerca de 2% – aproximadamente seis vezes maior que a média apresentada.

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De acordo com o estudo, isso sugere que “um certo nível de violência letal nos seres humanos surge a partir de uma posição dentro de um clado de mamíferos particularmente violento; ou seja, os seres humanos herdaram sua propensão à violência”, afirma o estudo. Um clado é o termo biológico para um grupo de organismos que descendem de um ancestral comum.

De acordo com o coautor do estudo José María Gómez Reyes, os novos dados mostraram que há um componente evolutivo para a violência humana, mas que eles podem ter sido influenciados por pressões ambientais para a sobrevivência. “O comportamento social e a territorialidade, dois traços comportamentais compartilhados com os parentes do Homo sapiens, parecem ter contribuído também para o nível de violência letal herdado nos humanos”. “Não podemos dizer que os 2% de violência letal foram herdados por fatores genéticos. Não são apenas genes que são herdados de ancestrais, mas também as condições do ambiente. Isso possivelmente influenciou a violência letal no nosso passado evolucionista”, disse o coautor ao britânico The Guardian.

Seres culturais

“Esse trabalho forneceu boas bases para acreditar que somos intrinsecamente mais violentos do que o mamífero médio”, disse o pesquisador Mark Pagel, da Universidade de Reading, que não fez parte da pesquisa, em um comentário sobre o estudo. De acordo com ele, os humanos são tão culturais que, com a evolução da nossa sociedade, a moral (que rejeita a violência) pode evitar que, simplesmente resolvamos nossos problemas matando outras pessoas. “As taxas de homicídio nas sociedades modernas – que têm forças policiais, sistemas jurídicos, prisões e atitudes culturais fortes que rejeitam a violência – são de menos de uma entre 10.000 mortes (ou 0,01%), cerca de 200 vezes mais baixas do que as previsões dos autores para o nosso estado natural”, relatou Pagel.

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(Com AFP)

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