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Nascemos com um medo natural de aranhas e cobras, diz estudo

Pesquisadores afirmam que, ao longo de sua evolução, o cérebro humano incorporou a reação de estresse frente a esses animais e a transmite hereditariamente

Por Da redação
Atualizado em 23 out 2017, 21h13 - Publicado em 23 out 2017, 11h52

Cobras e aranhas despertam medo em muitas pessoas, embora a grande maioria talvez nunca venha a entrar em contato com esses animais. Agora, cientistas acreditam ter descoberto a razão: o pavor diante dessas criaturas pode ser hereditário e está presente até em bebês com seis meses, muito antes de terem aprendido a reagir frente a um perigo. É o que diz um estudo publicado na última semana no periódico Frontiers in Psychology. Os resultados ajudam a compreender como o cérebro humano identifica ameaças e reage a elas rapidamente.

“Concluímos que o medo de cobras e aranhas é de origem evolutiva”, afirma a neurocientista Stefanie Hoehl, da Sociedade Max Planck, na Alemanha, em comunicado. A reação estressante é “obviamente herdada”, diz a pesquisadora, e predispõe as pessoas a enxergar esses animais como perigosos ou repugnantes. “Quando isso acompanha outros fatores, pode se transformar em um medo real ou mesmo em uma fobia.” O problema do medo a esses animais é quando ele se transformar em um transtorno de ansiedade que limita a vida cotidiana de uma pessoa. Nesses casos, indivíduo não é capaz de entrar em uma sala antes de se certificar que nenhuma aranha ou cobra está no local. O estudo afirma que 1% a 5% da população mundial sofre desse tipo de fobia frente a pelo menos uma dessas criaturas.

Até agora, não estava claro se a aversão ou a ansiedade generalizada frente a esses animais era inata ou aprendida na infância. A desvantagem da maioria dos estudos anteriores sobre este tema é que eles foram conduzidos com adultos ou crianças mais velhas – tornando difícil distinguir qual comportamento foi aprendido e qual foi herdado. Além disso, essas pesquisas focaram apenas em testar se os participantes observavam aranhas e cobras mais rápido do que animais ou objetos inofensivos, não se eles mostram uma reação fisiológica direta de medo.

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Para verificar qual das hipóteses era verdadeira, Hoehl e sua equipe reuniram bebês com cerca de seis meses de idade e mostraram a eles fotos de aranhas e cobras misturadas a imagens de flores e peixes do mesmo tamanho e cor. Os pesquisadores perceberam que, quando os bebês viam as fotos dos animais potencialmente perigosos, reagiam dilatando as pupilas. “Em condições de luz constante, esta alteração no tamanho das pupilas é um sinal importante para a ativação do sistema noradrenérgico no cérebro, responsável pelas reações de estresse”, explica a pesquisadora.

No entanto, os cientistas sabiam por outros estudos que outros animais potencialmente perigosos, como rinocerontes ou ursos, não provocavam a mesma reação em crianças. “Assumimos que o motivo dessa reação particular ao ver aranhas e cobras é devido à coexistência desses animais com humanos e seus antepassados ​​por mais de 40 a 60 milhões de anos e, portanto, muito mais do que com os perigosos mamíferos de hoje”, diz Hoehl. Para ela, o cérebro humano pode ter incorporado essa reação ao longo de sua evolução.

Para outros riscos modernos, como facas, seringas ou tomadas, as crianças não apresentam um medo inato pelo mesmo motivo. De uma perspectiva evolutiva, esses objetos só existiram por um curto período e não houve tempo para estabelecer mecanismos de reação no cérebro desde o nascimento. “Os pais sabem o quão difícil é ensinar seus filhos sobre esses riscos diários”, acrescenta Hoehl com um sorriso.

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