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Micróbios de 50 mil anos são encontrados em cristais no México

Pesquisadores da Nasa descobriram microrganismos adormecidos em formações subterrâneas e conseguiram revivê-los em laboratório

Por Da redação
Atualizado em 20 fev 2017, 17h05 - Publicado em 20 fev 2017, 16h44

Uma equipe de pesquisadores da Nasa conseguiu extrair e reviver micróbios que estavam escondidos dentro de gigantes cristais subterrâneos nas cavernas da montanha de Naica, no México. Os cientistas acreditam que esses organismos ficaram encapsulados nas formações de 10.000 a 50.000 anos. A descoberta foi apresentada na última sexta-feira, durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Boston, nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, o achado é uma demonstração da capacidade que organismos vivos possuem para se adaptar e sobreviver mesmo nos ambientes mais hostis, o que pode ajudar na descoberta de formas de vida fora da Terra.

“Outras pessoas já haviam afirmado ter encontrado organismos muito antigos ainda vivos, mas neste caso todas essas criaturas são excepcionais. Elas não são parentes próximas de nada que esteja nos bancos de dados genéticos conhecidos”, afirma Penelope Boston, diretora do Instituto de Astrobiologia da Nasa e membro da equipe de cientistas responsável pela descoberta.

Ambiente inóspito

Apesar de sua beleza, as cavernas de Naica, descobertas por mineiros há um século, são um dos ambientes com as condições mais adversas para abrigar vida – e, por isso, um lugar perfeito para estudar extremófilos, organismos que sobrevivem em lugares praticamente inabitáveis. Lá, as temperaturas variam entre 40°C e 60°C e o ambiente é bastante úmido e ácido. Como não há luz, todas os organismos presentes ali realizam quimiossíntese para sobreviver, um processo no qual a oxidação dos minerais é utilizada para fabricar energia.

Microrganismos vivendo nas paredes da caverna já haviam sido descobertos anteriormente – a surpresa para os cientistas foi encontrar alguns deles dentro dos cristais. A explicação para isso, segundo a equipe, está no fato de que essas formações pontiagudas de gipsita (pedras de gesso) contêm imperfeições que permitiram o acúmulo de fluidos. O que Penelope e sua equipe fizeram foi abrir alguns desses espaços e coletar amostras para analisar em laboratório. Além de encontrar bactérias e arqueas (organismos parecidos com bactérias), os pesquisadores também conseguiram reanimar esses microrganismos em laboratório.

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O achado foi tão surpreendente que alguns cientistas começaram a questionar se a presença dessas criaturas não teria sido resultado de uma contaminação ou se eles poderiam ter sido introduzidos acidentalmente pela equipe de pesquisadores ou por mineiros. Penelope, no entanto, garante que todos os cuidados necessários foram tomados durante a exploração.

Não é a primeira vez que cientistas anunciam reviver criaturas que acreditavam estar dormentes há milhares de anos, a maioria retirada de cristais de sal ou de gelo. Embora esses resultados sejam controversos, a cientista que liderou o experimento afirma que, depois do que viu em Naica e em ambientes com condições igualmente improváveis, está inclinada a aceitá-los.

Vida fora da Terra

Com a descoberta, a equipe de pesquisadores da Nasa pode estar um passo à frente na busca por vida em outros planetas. “O elo astrobiológico é óbvio. Qualquer sistema extremófilo que estejamos estudando nos permite ir além no conhecimento sobre a vida na Terra, e nós incluímos isso no rol de possibilidades que podemos aplicar em diferentes configurações planetárias”, explica a pesquisadora.

Os cientistas acreditam que, se houver vida em outra parte do sistema solar, é provável que esteja em áreas subterrâneas e, assim como os micróbios das cavernas de Naica, sobreviva por meio da quimiossíntese.

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