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Homens e mastodontes coabitaram América há 14.550 anos

Acreditava-se que os humanos tinham chegado ao continente 15 séculos depois do que sugere a pesquisa

Por Da redação
Atualizado em 16 Maio 2016, 15h37 - Publicado em 16 Maio 2016, 15h15

Cientistas descobriram ferramentas de pedra e ossos de um mastodonte em um rio na Flórida, Estados Unidos, que sugerem que o homem coabitou com o animal no sudeste do país há mais de 14.550 anos – 1.5oo anos antes do que se acreditava ser a época de chegada dos humanos ao continente. A pesquisa, publicada recentemente na revista americana Science Advances, foi liderada pela professora de antropologia da Universidade do Estado da Flórida, Jessi Halligan. “Esta descoberta abre uma nova porta para o passado, para tratar de compreender a história do povoamento da América. Está claro que o povoamento do continente americano é mais antigo do que pensávamos”, afirmou Halligan à agência France-Presse.

A pesquisa mostrou que a caça dos mastodontes também teve início em uma data anterior à estabelecida pelos cientistas, pois a civilização pré-Clóvis (habitantes da América do Norte entre 13.000 e 12.600 anos atrás) parece ter se adaptado à região bastante cedo. Dessa forma, os caçadores Clóvis seriam não os pioneiros, mas os descendentes dos primeiros povos que chegaram a América do Norte cerca de 15.000 anos atrás.

Análises – Os pesquisadores conheciam há muitos anos o sítio arqueológico Page-Ladson, localizado a 9 metros de profundidade no rio Aucilla, a 45 minutos da capital da Flórida. Escavações feitas entre 1983 e 1997 revelaram objetos feitos de pedra e uma presa de mastodonte que tinha marcas profundas – revelando a coabitação entre humanos caçadores-coletores e os animais. As evidências, no entanto, não foram suficientes para que os cientistas pudessem datar, com certeza, a época dos materiais ou relacioná-los com a atividade humana.

Anos mais tarde, entre 2012 e 2014, Halligan e seu colega, Michael Waters, da Texas A&M University, decidiram reexaminar o sítio. As novas análises identificaram um novo instrumento: uma espécie de faca primitiva, fabricada por humanos. Os pesquisadores utilizaram técnicas com radiação do isótopo carbono 14 para identificar a data do objeto e o que eles descobriram foi que ele era datado de 14.550 anos, provando que os humanos povoaram a região e caçaram essa espécie muito antes do que o previsto.

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Extinção – Daniel Fisher, paleontólogo da Universidade de Michigan, coautor do estudo, disse que a pesquisa mostrou, no entanto, que estes primeiros caçadores americanos não aceleraram a extinção dos mastodontes e de outros grandes animais pré-históricos, ao contrário do que pensam alguns paleontólogos. “Os indícios reunidos no sítio na Flórida mostram que os humanos e a megafauna coexistiram durante ao menos 2.000 anos”, disse o cientista.

A análise de esporos fossilizados de fungos Sporormiella, que só crescem nos excrementos animais, mostra que a extinção destes grandes mamíferos aconteceu há cerca de 12.600 anos na América do Norte. “É muito emocionante porque pensávamos que sabíamos como e quando os primeiros homens chegaram aqui, mas isso agora mudou”, afirmou Fischer, à agência France-Presse.

A descoberta é mais um indício de que a migração dos humanos modernos para as Américas é anterior à cultura Clóvis. Os pesquisadores apostam em uma migração que pode ter ocorrido entre 18.000 anos e 16.000 anos atrás, da África para as Américas, via oceano Pacífico. Em 2011, outro grupo de pesquisadores, liderado por Waters, já havia levantado a possibilidade da chegada da espécie no continente americano há 15.500 anos. O novo estudo traz mais indícios para a ocupação mais antiga.

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