Pesquisa localiza base genética da amizade entre cães e humanos
Pesquisadores da Suécia encontraram variações em um conjunto de genes que explicam comportamento dos cães
Pesquisadores da Universidade de Linköping, na Suécia, identificaram pela primeira vez regiões do genoma dos cães que podem explicar a amizade e a lealdade com seres humanos. O estudo foi publicado nesta quinta-feira na revista científica Scientific Reports.
“Estamos tentando entender as bases genéticas da domesticação: o que ajudou a transformar o lobo selvagem, que não tem interesse em se relacionar com homens, nessa criatura sociável que é o cão”, disse Per Jesen, co-autor da pesquisa, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
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Os 190 cães da raça beagle observados no estudo nasceram no canil do laboratório e foram criados de forma altamente padronizada, sem que os pesquisadores da universidade dessem atenção aos cachorrinhos, como forma de avaliar seu comportamento na ausência da interação humana.
A segunda etapa foi deixar um pesquisador com cada um dos cachorros em salas separadas durante três minutos. Foram colocadas debaixo de três tampas de plástico pequenas guloseimas. Duas delas os beagles conseguiam empurrar com as patas ou o focinho, e assim alcançar a guloseima, mas uma foi fixada no local, e isso causou mudanças de comportamento no animal.
Com uma câmera de vídeo no ambiente, os cientistas puderam observar quanto tempo os cães demoravam para pedir ajuda – e quais as suas estratégias. A maioria pulou em cima dos pesquisadores e buscou contato visual, fazendo aquela carinha de ‘cachorro sem dono’.
Base genética
Os estudiosos realizaram uma ampla análise do genoma dos cachorros e associaram a diferença no comportamento a variações de cinco genes. Dessas variações, a que mais chamou a atenção foi a do gene denominado de ‘SEZ6L’, que os pesquisadores relacionaram ao tempo que os cães gastavam para se aproximar dos humanos. “Quatro dos genes também apareceram em outras pesquisas antigas realizadas em pessoas. Nesses estudos, a mudança foi associada a distúrbios sociais, como o autismo”, disse Mia Persson, principal autora do estudo, em entrevista a Scientific Reports. Ou seja, certas características de gene poderiam tornar os cães mais propensos a interagir com os humanos, enquanto outras formas fariam deles indivíduos menos sociáveis.
Os estudiosos também pretendem realizar a pesquisa com outras raças de cachorros para confirmar a teoria.