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Cientistas revertem sintomas do autismo em animais

Pesquisadores elaboraram uma teoria sobre possível causa do autismo e, com o uso de um medicamento que já existe, eliminaram comportamentos associados ao transtorno em camundongos

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h22 - Publicado em 15 mar 2013, 09h52

Com o uso de um medicamento que já existe, cientistas conseguiram reverter comportamentos associados ao autismo em camundongos com a síndrome. Em um estudo desenvolvido na Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, esses pesquisadores concluíram que o autismo decorre de um problema na comunicação entre as células, o que acaba interferindo de forma negativa no desenvolvimento e na função cerebral. E, de acordo com eles, uma determinada classe de drogas é capaz de restaurar essa comunicação celular e, assim, normalizar o comportamento de pacientes com autismo. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira no periódico PLoS One.

Opinião do especialista

Alysson Muotri

Biólogo molecular, professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, San Diego, nos Estados Unidos

“A grande novidade desse estudo é o fato de ele ter associado uma via metabólica, das mitocôndrias, ao sistema nervoso. A pesquisa observou que, com o medicamento, os comportamentos associados ao autismo foram revertidos. Porém, ela não mostrou de que forma isso aconteceu no organismo, então há alguns buracos no estudo. Mas isso não tira o mérito do trabalho por ter trazido informações novas sobre o transtorno.

A primeira vez em que um estudo que tentou reverter os sintomas de autismo foi feito foi em 2008, também em camundongos. Em 2010, uma pesquisa da mesma linha foi feita com células nervosas humanas. A comunidade científica está cada vez mais interessada nesse tipo de estudo pois as pesquisas mostram que existe um potencial de cura para o autismo.

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Ainda não é possível saber se a droga estudada nessa pesquisa, de fato, se provará eficaz em humanos e se será benéfica a todos os pacientes com autismo. Mesmo assim, são resultados muito animadores.”

A teoria – Há alguns anos, o professor de medicina da Universidade da Califórnia Robert Naviaux sugeriu que as mitocôndrias, estruturas das células responsáveis por fornecer energia, desempenham um papel importante no desenvolvimento do autismo. De acordo com Naviaux, quando uma célula está doente ou danificada – seja porque está diante de um vírus, inflamação ou substância tóxica, por exemplo – a mitocôndria sinaliza a presença do ‘perigo’ para as células vizinhas. E, a partir desse sinal, as outras células acionam o sistema imunológico e passam a se defender.

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Embora a defesa das células as proteja contra uma infecção, também pode prejudicar temporariamente a comunicação entre elas. Porém, quando a infecção é resolvida, esses sinais deixam de ser enviados e a comunicação entre as células é restabelecida. No entanto, segundo a teoria desenvolvida por Naviaux, durante o desenvolvimento inicial do cérebro de uma pessoa, um problema nas mitocôndrias – que pode ser ambiental ou genético – pode fazer com que esses sinais sejam enviados de forma crônica no cérebro e, portanto, que o organismo tenha sempre essa resposta. O resultado disso é a inflamação crônica do cérebro e o desgaste das conexões das células cerebrais.

A solução – A partir dessa teoria, Naviaux e seu time de pesquisadores realizaram testes em camundongos com autismo. Os cientistas avaliaram, por exemplo, a coordenação motora e a interação social dos animais, observando de que forma eles se comportavam quando passavam um tempo junto a outros camundongos.

Depois, parte dos animais com autismo recebeu, durante oito semanas, injeções de suramina, uma droga que bloqueia os sinais de inflamação enviados pelas mitocôndrias e que é utilizada para controlar determinadas inflamações. Segundo os resultados, o tratamento com essa substância eliminou os comportamentos associados ao autismo, mesmo quando foi aplicada muito tempo depois do surgimento dos primeiros sintomas do transtorno.

“A eficácia impressionante mostrada por esse estudo revela a possibilidade de desenvolvermos uma classe de drogas anti-inflamatórias completamente nova para tratar o autismo”, diz Naviaux. Os autores do estudo falam em passar para a fase clínica da pesquisa, que é feita com seres humanos, já em 2014. – uma pesquisa clínica dura, em média, de cinco a dez anos e é composta por três fases.

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