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Cientistas decodificam o mais antigo DNA de ancestral humano

Descoberta relaciona hominídeo que viveu na Espanha há 400 000 anos com o misterioso denisovano, um dos primeiros homens modernos

Por Igor Zolnerkevic
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h15 - Publicado em 5 dez 2013, 12h10

Uma equipe internacional de onze pesquisadores sequenciou o DNA humano mais antigo. O material foi coletado do fêmur de um indivíduo da espécie Homo heidelbergensis, que viveu nas cavernas de Serra de Atapuerca, no norte da Espanha, há 400.000 anos. A descoberta sugere um parentesco inesperado entre esse hominídeo espanhol e uma espécie misteriosa, o denisovano, contemporâneo dos neandertais e um dos primeiros homens modernos, que habitou o leste asiático há 40.000 anos. O estudo foi publicado na quarta-feira, na revista Nature.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A mitochondrial genome sequence of a hominin from Sima de los Huesos​

Onde foi divulgada: periódico Nature​

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Quem fez: Matthias Meyer, Svante Päabo e outros

Instituição: Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, e outras

Dados de amostragem: Fêmur fóssil de Homo heidelbergensis, descoberto em 1992 nas cavernas de Atapuerca, na Espanha​

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Resultado: Recuperação e sequenciamento de 98% do DNA mitocondrial de 400 mil anos de idade revelou ancestral comum entre o hominídeo espanhol e os denisovanos

Um DNA mais antigo, com até 700.000 anos de idade, já havia sido recuperado de um osso de cavalo preservado no solo congelado do Canadá. Para ancestrais do homem moderno, o recorde pertencia ao DNA extraído de ossos de neandertais encontrados na caverna Scladina, na Bélgica, com 100.000 anos de idade.

Até recentemente, só era possível sequenciar genomas de fósseis conservados em climas frios, porque as moléculas de DNA se rompem mais rapidamente em altas temperaturas. Mas pesquisadores do Instituto Max Planck para Antropologia Evolutiva, em Leizpig, na Alemanha, desenvolveram uma técnica capaz de recuperar e sequenciar amostras degradadas do genoma.

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Os cientistas alemães se uniram à equipe do paleontólogo Juan-Luis Arsuaga, da Universidade Complutense de Madri, na Espanha, que descobriu nas cavernas de Atapuerca, em 1992, o que parece ser uma espécie de tumba, chamada de Sima de los Huesos: um poço de 30 metros de profundidade, contendo esqueletos de 28 indivíduos da espécie Homo heidelbergensis, que viveu na África e na Europa até 200 000 anos atrás, e, acredita-se, deu origem ao homem moderno.

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Homo heidelbergensis ()

Esqueleto do “Homo heidelbergensis”, que viveu nas cavernas de Serra de Atapuerca, no norte da Espanha

Osso em pó – Meyer e seu time coletaram 2 gramas de osso em pó do fêmur de um hominídeo da caverna. “O DNA estava degradado em pedaços muito pequenos e contaminado com DNA humano moderno”, diz o geneticista Matthias Meyer, coordenador do estudo, ao site de VEJA. Mesmo assim, sua equipe recuperou 98% da sequência que forma o genoma das mitocôndrias das células ósseas preservadas.

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Os pesquisadores compararam esse DNA com o de neandertais, denisovanos, humanos da atualidade e macacos, e estimaram a idade do genoma em 400.000 anos.

Como o homem de Sima de los Huesos é parecido com o neandertal e viveu na Europa, continente que seria dominado pelo neandertal, Meyer esperava que eles tivessem DNAs semelhantes. Para sua surpresa, eles não têm. O hominídeo da Espanha os hominídeos espanhóis eram vinculados mais estreitamente com os denisovanos, uma espécie cujos únicos ossos remanescentes são algumas poucas pontas de dedo e dentes encontradas em 2008 na caverna Denisova, na Sibéria. Ou seja, não há evidências de que os denisovanos chegaram perto de Atapuerca.

Os pesquisadores ainda não têm uma explicação para o quebra-cabeça. Eles esperam agora conseguir recuperar também o DNA do núcleo das células de osso, um processo mais difícil do que o do DNA mitocondrial. Enquanto o DNA mitocondrial é transmitido da mãe para os seus filhos, com pouca modificação, a sequência de DNA nuclear de um indivíduo é a recombinação do genoma do pai e da mãe. “Só o DNA nuclear pode nos contar a história da miscigenação entre as espécies”, diz Meyer.

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