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Cientistas criam primeiros macacos geneticamente modificados

Pesquisadores chineses produziram em laboratório dois animais com mutações. É o primeiro passo para o estudo em primatas de doenças como Alzheimer ou Parkinson, que ainda intrigam os cientistas

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h14 - Publicado em 30 jan 2014, 17h47

Pela primeira vez, uma equipe de cientistas criou dois macacos que nasceram com dois genes modificados por meio da técnica CRISPR/Cas9. Os detalhes da pesquisa chinesa foram publicados nesta quarta-feira no periódico Cell. Trata-se do primeiro passo para a criação de modelos animais primatas com desordens genéticas que podem ajudar no diagnóstico e tratamento de uma série de doenças humanas.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Generation of Gene-Modified Cynomolgus Monkey via Cas9/RNA-Mediated Gene Targeting in One-Cell Embryos

Onde foi divulgada: periódico Cell

Quem fez: Jiahao Sha, Weizhi Ji, Xingxu Huang e outros

Instituição: Universidade Médica de Nanjing, na China, entre outras

Resultado: Pela primeira vez, uma equipe de cientistas criou dois macacos gêmeos que nasceram com dois de seus genes modificados com a técnica de edição genética CRISPR/Cas9.

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Para fazer os transgênicos, pesquisadores ligados à Universidade Médica de Nanjing, na China, e a laboratórios de pesquisas genéticas e biomédicas do país, usou o sistema de edição genética que se tornou popular no ano passado. A técnica CRISPR/Cas9, que havia sido utilizada com sucesso em ratos e camundongos, pela primeira vez funcionou em primatas. Adaptada das bactérias, ela possibilita a mutação de genes específicos, sem alterar outros pedaços do genoma.

Os macacos cinomologos (Macaca fascicularis) foram escolhidos por seu tamanho e semelhanças com os humanos. Para conseguir criar os dois filhotes transgênicos, os cientistas tentaram modificar em quinze embriões três genes envolvidos em doenças como diabetes e câncer. O sequenciamento do DNA mostrou que a mutação de oito desses embriões tinha sido bem-sucedida para dois dos genes-alvo. O próximo passo foi inserir esses embriões em fêmeas. Uma delas foi capaz de gerar dois filhotes gêmeos.

Os modelos não apresentaram nenhuma outra mutação em seu genoma, o que leva a crer que a CRISPR/Cas9 não causa nenhum efeito colateral ao ser utilizada em macacos. “Com a precisão genética do sistema CRISPR, esperamos que muitos modelos de doenças possam ser gerados em macacos, o que trará um avanço significativo ao desenvolvimento de estratégias terapêuticas em pesquisas biomédicas”, afirmou Weizhi Ji, um dos autores da pesquisa, do Laboratório Yunnan Key de Pesquisas Biomédicas em Primatas, na China.

Avanço Científico – A pesquisa chinesa pode ajudar cientistas de todo o mundo a estudar doenças causadas por mutações genéticas como diabetes, Parkinson ou Alzheimer. Por meio do estudo em modelos animais parecidos com humanos, seria possível compreender o funcionamento dessas enfermidades e desenvolver métodos mais eficazes de diagnóstico e tratamento.

A técnica CRISPR permite um tipo de edição genética singular no genoma dos macacos. Desde 1989, cientistas promovem alterações em animais inserindo genes a mais ou promovendo a modificação de um gene, que, cruzado com outro, geram descendentes. A nova técnica permite que a mudança seja provocada em apenas uma geração, diretamente no animal a ser estudado.

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O risco de mutações fora dos genes-alvo não observado pela equipe chinesa. “Essa pesquisa é realmente importante para nós. Ela desenvolve uma ferramenta poderosa para gerarmos animais o mais próximo possível de humanos. Temos agora um modelo que podemos manipular geneticamente para estudar doença humanas”, afirma Lygia da Veiga, chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias da Universidade de São Paulo (USP).

Aposta para 2014 – A criação de macacos transgênicos com sistemas imunológicos enfraquecidos ou desordens cerebrais causadas pela técnica de edição genética CRISPR foi uma das apostas da revista Nature para 2014. A pesquisa da equipe chinesa mostra que já é possível a criação de macacos que ajudem pesquisadores a compreender como funcionam doenças ainda enigmáticas para os cientistas, como as que envolvem a mutação simultânea de vários genes.

Ainda não existem padrões éticos para determinar até onde podem ir as alterações genéticas aceitáveis feitas em animais como os macacos cinamologos e outros primatas. “Não sabemos se a sociedade contemporânea ainda aceita experimentos com macacos. Será que vamos querer pagar o preço de aumentar as pesquisas com primatas?”, questiona a pesquisadora.

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