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Cientista são condenados por não prever riscos de terremoto em Áquila

Entre os condenados estão grandes nomes das ciências, como o professor Enzo Boschi, que presidiu o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h26 - Publicado em 22 out 2012, 17h39

Um grupo de sete cientistas italianos foi condenado nesta segunda-feira a seis anos de prisão cada por homicídio culposo após terem sido acusados de subestimar os riscos do terremoto ocorrido em Áquila em 2009, que resultou na morte de mais de 300 pessoas.

A pena superou o pedido da promotoria italiana, que era de quatro anos de prisão para os especialistas da Comissão para Grandes Riscos da Itália, que se reuniu no dia 31 de março de 2009 na cidade, seis dias antes do terremoto, e dispensou alarmar as autoridades locais, por inferir que os efeitos do fenômeno não seriam tão nefastos.

Saiba mais: Iniciado julgamento contra cientistas por terremoto em L’Aquila

Opinião do especialista

Marcelo Assumpção

professor de geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciência Atmosféricas da USP.

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“Prever um terremoto é impossível. É consenso entre 99,9% dos sismólogos de que a ciência não tem esse poder. O local onde ocorreu o terremoto na Itália fica na beira de duas placas tectônicas, a da Europa e a da África. Tremores ali são frequentes, o que não significa que depois de tremer vão se seguir grandes terremotos. Como também não indica que não vai. Da mesma forma que não se pode descartar o risco, também não se pode provocar pânico na população. Imagine se a cada tremor os cientistas aconselhassem evacuar a cidade.”

Desta forma, a justiça considerou que as autoridades científicas divulgaram informações tranquilizadoras à população, que, caso contrário, poderia ter tomado medidas para se proteger e não disponibilizaram medidas de prevenção diante de uma possível tragédia.

Entre os condenados estão grandes nomes das ciências da Itália, como o professor Enzo Boschi, que presidiu o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia, e o vice-diretor da Defesa Civil, Bernardo de Bernardinis.

Repercussão – Após ser anunciada a sentença, o advogado de um dos condenados, Marco Petrelli, classificou a decisão como “assombrosa e incompreensível em matéria de direito e na avaliação dos fatos.”

Em junho de 2010, a Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), encaminhou uma carta ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, assinada por mais de 5.000 cientistas, na qual reiterou a impossibilidade de se prever terremotos. A carta também criticou o processo por abrir um perigoso precedente que poderia restringir a livre troca de ideias científicas e por “desencorajar a participação de cientistas em questões de suma importância para a população.”

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Histórico – O terremoto, que devastou a cidade de Áquila, deixando mais de 80.000 desabrigados, continua sendo um trauma para os italianos e sobre os condenados pesava a acusação de terem realizado em seu encontro “uma avaliação do perigo sísmico aproximada, genérica e ineficaz em relação à atividade da comissão e aos deveres de prevenção e precisão” do abalo sísmico.

Leia também:

Especialista tira dúvidas sobre tremores de terra

(Com Agência France-Presse e EFE)

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