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Cidade de Deus participará de projeto para explorar Marte

Cientistas da Nasa e de institutos de tecnologia da Califórnia vão até o Rio de Janeiro para trabalhar com um grupo de crianças da favela.

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2016, 14h46 - Publicado em 12 mar 2015, 17h44

Em junho deste ano, um grupo de crianças da favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, terá a oportunidade de explorar Marte, observando imagens inéditas do planeta. O projeto Mars Academy, realizado por pesquisadores da Nasa, a agência espacial americana, em parceria com a ONG Developing Minds Foundation, levará cinco cientistas à Cidade de Deus, onde vão trabalhar com as crianças por duas semanas. O objetivo principal é incentivar os jovens a se interessar por ciência, estimular novos objetivos profissionais e também filmar um documentário sobre a experiência.

Wladimir Lyra, professor de astronomia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e um dos integrantes do grupo de pesquisadores que desenvolverá a ação, afirma que “os alunos vão participar ativamente da exploração espacial vendo algo que ninguém no mundo viu antes, inclusive nós”. De acordo com Lyra, menos de 10% de Marte foi mapeado até agora em alta resolução. É parte dos 90% restantes, que tem sido observado pelas câmeras da sonda HiRISE, da Nasa, que os alunos vão estudar. O que o satélite americano tem permitido fazer com o planeta é uma espécie de Google Earth, mas, no caso, seria um Google Marte.

Ao longo de duas semanas, a turma será levada em viagens de campo, para observar o céu e a natureza no estado do Rio de Janeiro, e terá aulas dentro de sala. Nos últimos dois dias, os alunos de Cidade de Deus vão desenvolver um projeto experimental para a câmera HiRISE, da Nasa, que será enviado para o controle da missão no Laboratório de Propulsão a Jato em Pasadena, na Califórnia.

Lyra defende que “é nessa fase mais jovem que os estudantes estão mais aptos a desenvolver a chama da curiosidade por ciência”. Além disso, a Developing Minds Foundation atua na Cidade de Deus desde 2007 e vê resultados práticos da sua presença na comunidade. Reconhecida pela infraestrutura tecnológica que instalou na favela, a ONG ajuda jovens a passaram em vestibulares de universidades públicas.

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Fundador e presidente da ONG, Philippe Houdard lembra que, na época em que visitou a favela pela primeira vez, a imagem do filme Cidade de Deus gerou muita atenção para a comunidade, mas reverteu pouco em melhorias para qualidade de vida. “Ao ver o bom trabalho de outras organizações na favela, percebemos que aquele seria o lugar ideal para nós. A nossa missão é usar a educação para acabar com ciclos de violência”, explica.

Para ajudar a bancar os custos do projeto Mars Academy, foi lançada uma campanha no site de crowdfunding Kickstarter. Contudo, Lyra afirma que mesmo se o projeto não alcançar a meta estipulada, todos os cientistas participantes concordaram em manter os planos de vir ao Brasil e fazer a parceria acontecer. A campanha tem até o dia 6 de abril para arrecadar 30.000 dólares.

Confira a entrevista de VEJA com Philippe Houdard, da Developing Minds Foundation:

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Qual foi a principal motivação para a Fundação participar do Mars Academy? Nosso programa de tecnologia cresceu, com professores e alunos sempre nos incentivando a levar ideias inovadoras. Acreditamos que expor crianças a experiências além do seu dia a dia pode ter um grande impacto em como elas veem o mundo. Esse projeto dá um passo ainda maior, e vai ajudá-las a ver além do nosso planeta como um todo.

Porque o projeto é importante na Cidade de Deus? Quando chegamos, a favela era rejeitada e estava esquecida por muitos anos. Ela só era famosa pelo seu caos e pela violência. Agora, as crianças da comunidade são conhecidas por serem inteligentes e curiosas. O fato de que esses cientistas brilhantes estão indo até eles para montar uma simulação de uma missão de controle e fazer uma parceria com as crianças é um símbolo importante. Isso demonstra que essas crianças têm valor e podem fazer uma contribuição com o conhecimento de toda a humanidade.

Quais são os resultados que a Developing Minds tem desde 2007? Vemos resultados todos os dias. Ao longo dos anos, temos uma média de 500 a 700 pessoas que passam pelo programa de tecnologia. A maioria recebe um certificado depois que faz uma prova no fim dos cursos. Os professores têm um nível de dedicação que é incomparável. Basta andar pelas ruas da Cidade de Deus para que qualquer um escute as histórias dos alunos que estão trabalhando, daqueles que foram aprovados em um vestibular, ou de quem abriu o seu próprio negócio.

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