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‘Chega de conversa’, diz o secretário-geral da Rio+20

No Brasil para reuniões preparatórias, Sha Zukang avalia que o grande desafio da conferência sobre desenvolvimento sustentável que acontecerá em junho, no Rio, é não ser um amontoado de boas intenções

Por Luís Bulcão, do Rio de Janeiro
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h44 - Publicado em 6 mar 2012, 17h57

“O mais difícil é a implementação. O que aconteceu com todos esses documentos que produzimos até aqui? Eles são maravilhosos. Mas a implementação está muito longe de acontecer”

O grande desafio da Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, é conseguir um acordo que viabilize a implementação de decisões ambientais tomadas ao longo de mais de 20 anos e que jamais saíram do papel. A avaliação é do secretário-geral da conferência, Sha Zukang, que está no Brasil para uma série de encontros no Rio e em Brasília. Em entrevista nesta terça-feira, no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, ele foi categórico. “O mais difícil é a implementação. O que aconteceu com todos esses documentos que produzimos até aqui? Eles são maravilhosos. Mas a implementação está muito longe de acontecer”, admitiu. Segundo Zukang, a Rio+20 não pode se resumir a discursos bem intencionados. “Não esqueçam, nós já falamos muito. Nosso trabalho não é falar. Nosso trabalho é agir. Chega de conversa”.

A Rio+20, que reunirá mais de cem chefes de estado no Rio de Janeiro, em junho, terá dois pontos essenciais em discussão. O primeiro é a chamada “economia verde”, um plano recomendado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente que prevê a aplicação de 2% do PIB mundial em programas que conduzam à sustentabilidade em sete setores chave: agricultura, construção, energia, pesca, florestas, indústria, turismo, transporte, água e gerenciamento de lixo. Zukang explica que por mais que os países tenham interpretações diferentes para o projeto, o momento é de ação. “A definição (de economia verde) não importa mais. Nós já discutimos isso. Precisamos agora de um plano para implementá-la”, disse. O próximo passo das negociações, segundo Zukang, é definir uma lista de objetivos e, principalmente, estabelecer datas limites para o cumprimento das metas.

O outro ponto chave da conferência vai ser a reforma das instituições da ONU voltadas ao Meio Ambiente. Não há um consenso sobre a criação de uma agência para o meio ambiente do porte da Organização Mundial de Saúde ou da Unesco. “O que está claro para todos é que as formas como lidamos com o desenvolvimento sustentável têm que ser fortalecidas e sua representatividade, aumentada. Já é consenso de que o Pnuma (Programa da ONU para o Meio Ambiente) deve ser reforçado”, afirmou. Segundo Zukang, a iniciativa para a criação de uma agência parte da União Europeia e será debatida.

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Brasil – Ao ser perguntado sobre o código florestal brasileiro, que é criticado por ambientalistas, o secretário-geral afirmou que o Brasil é quem decide o como proteger suas florestas, mas deixou um recado sobre a Amazônia. “Essa floresta (Amazônia) pertence ao Brasil. Isso é muito claro. O Brasil exerce sua soberania. E tem soberania sobre sua diversidade biológica. O Brasil deve tomar conta de sua própria floresta. Mas os países devem sempre levar em conta que suas decisões afetam o planeta inteiro”.

O secretário-geral da Rio+20 ficará no Brasil até o dia 10 de março, entre Rio e Brasília. Ele se reunirá com ministros, com os organizadores nacionais do evento, parlamentares e outras autoridades para informar sobre o processo político, a pauta do evento e os preparativos para a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável que acontecerá no Rio de Janeiro, em junho.

O Brasil espera receber cerca de 50 mil participantes para a conferência mundial que acontece 20 anos depois da Rio 92, a histórica conferência que reuniu 197 chefes de estado e 30 mil ativistas ambientais no Rio de Janeiro e lançou a Agenda 21, a primeira cartilha de recomendações para o desenvolvimento sustentável do planeta. Em janeiro, foi aprovado o zero draft (minuta zero), documento inicial da conferência, que recebeu sugestões até o final de fevereiro e será posto em discussão novamente no final de março, em Nova York.

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