Células humanas deixam camundongos mais inteligentes
Injeção de células nervosas humanas no cérebro dos animais recém-nascidos aumentou seu desempenho em atividades cognitivas na idade adulta
Pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, conseguiram melhorar a capacidade cognitiva de camundongos implantando em seu cérebro um tipo de célula do sistema nervoso humano chamado de células da glia. Os resultados apoiam a teoria de que as células da glia desempenham um papel importante na evolução das habilidades cognitivas dos seres humanos. O estudo foi publicado no periódico Cell Stem Cell.
Conheça a pesquisa
TÍTULO ORIGINAL: Forebrain Engraftment by Human Glial Progenitor Cells Enhances Synaptic Plasticity and Learning in Adult Mice
ONDE FOI DIVULGADA: periódico Cell Stem Cell
QUEM FEZ: Xiaoning Han, Michael Chen, Fushun Wang, Martha Windrem, Su Wang, Steven Shanz, Qiwu Xu, Nancy Ann Oberheim, Lane Bekar, Sarah Betstadt, Alcino J. Silva, Takahiro Takano, Steven A. Goldman e Maiken Nedergaard
INSTITUIÇÃO: Universidade de Rochester, nos Estados Unidos
RESULTADO: Camundongos que receberam células da glia humanas quando recém-nascidos apresentaram um grande número dessas células em seus cérebros na idade adulta. Esses animais tiveram um desempenho melhor em tarefas cognitivas e de memória.
As células da glia são responsáveis pelo suporte dos neurônios, fornecendo nutrientes para a manutenção de seu funcionamento. Nos últimos anos, alguns pesquisadores passaram a supor que essas células também participam da transmissão de impulsos nervosos. No estudo realizado pela Universidade de Rochester, foram utilizados os astrócitos, um tipo de célula da glia que tem forma de estrela e pode modelar os impulsos transmitidos entre os neurônios.
Estudo – Os pesquisadores injetaram células da glia progenitoras humanas (aquelas que dão origem a novas células da glia) no cérebro de camundongos recém-nascidos. Esses animais também possuem as células, mas elas apresentam estruturas menos complexas. As células humanas se integraram, então, ao cérebro desses animais de forma que, na idade adulta, eles apresentaram uma grande quantidade de células da glia humanas. Quando passaram por testes cognitivos e comportamentais, eles tiveram um melhor desempenho em tarefas de aprendizado e memória.
Os pesquisadores também injetaram células da glia de camundongos em camundongos recém-nascidos, mas esses animais não apresentaram nenhuma melhora cognitiva na idade adulta. Isso sugere que a potencialização do aprendizado está relacionado às células humanas e não à injeção de células por si só.
De acordo com os autores, esses resultados reforçam tanto a teoria de que as células da glia atuam na transmissão de impulsos nervosos, quanto a hipótese de que a evolução da capacidade de processamento neural dos seres humanos está relacionada à evolução dessas células.