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As abelhas estão morrendo intoxicadas no Brasil, segundo estudo

A morte do inseto preocupa apicultores e agricultores por colocar em risco a produção de alimentos

Por Talissa Monteiro
Atualizado em 4 out 2016, 14h57 - Publicado em 4 out 2016, 14h54

Se pagássemos pelo serviço que as abelhas prestam à natureza, elas estariam bilionárias. O “salário” à colmeia mundial seria de 212 bilhões de dólares por ano. O cachê é alto assim porque o inseto é responsável por 73% da polinização de toda a cultura mundial. O resultado é a garantia de 40% dos alimentos consumidos por nós. Por isso, sua possível extinção – que pode não estar tão distante, como apontou este novo estudo (no link) – é algo tão preocupante, seja para a biodiversidade do planeta ou até, pasmem, para os produtores de inseticidas, produtos que as matam.

A relação é simples. Sem abelhas, não há agricultura, muito menos a necessidade de agrotóxicos. Foi por isso que o projeto Colmeia Viva, do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) foi criado e agora divulga o Mapeamento de Abelhas Participativo (MAP), como resultado de uma parceria entre agricultores e apicultores.

“Reconhecemos o nosso papel na relação entre a agricultura e a apicultura. Uma não existe sem a outra e somos parte disso. É preciso criar boas práticas para o uso dos defensivos”, explicou a vice-presidente do Sindiveg, Silvia Fagnani.

O principal resultado da pesquisa é de que 70% das abelhas estudadas morreram de intoxicação por inseticidas. E em todos os casos, o que causou a morte foi o uso incorreto dos produtos por parte dos aplicadores. A pesquisa apontou, entretanto, que as abelhas mortas na área analisada não apresentaram sintomas da Síndrome do Colapso das Abelhas (CCD), fenômeno registrado principalmente no hemisfério norte com a espécie Apis Mellifera.

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Pelo CCD, elas desaparecem sem deixar vestígios. No Brasil, o caso é de mortalidade por intoxicação. Entres os produtos encontrados, estão alguns dos mais vendidos e conhecidos no mercado, como o Neonicotinoide e o Pirazol.

O relatório, porém, é só um começo para o que o projeto pretende realizar, segundo o biólogo Osmar Malaspina, especialista em ecotoxicologia das abelhas, da Unesp, e que participou da pesquisa. Para esta primeira análise, apenas 13 casos foram estudados. A validade, entretanto, de acordo com o pesquisador, se dá pelo tempo de investigação, de um ano. Para que as abelhas sejam analisadas é necessário que o apicultor denuncie, ao Sindiveg, a morte de sua criação em até 24 horas ou que o agricultor perceba que os insetos estão morrendo em sua plantação nesse mesmo espaço de tempo.

“O curto prazo entre a denúncia e a coleta dificulta um pouco a pesquisa, por isso restringimos a área de abrangência ao estado de São Paulo, com foco em poucas amostras. Para apresentarmos dados mais consistentes, precisamos estudar mais colmeias e, para isso, é necessário que apicultores e agricultores colaborem ligando para o nosso disque denúncia”, pediu Malaspina.

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As criações mais afetadas, segundo o biólogo, são as próximas às grandes produções de monocultura, como as de soja e as de cana. “Inseticidas, como o próprio nome já diz, são feitos para matar insetos. Estamos tentando amenizar essa situação para que os aplicadores usem de forma correta e possam diminuir a mortalidade das abelhas. A solução definitiva, porém, estaria em repensar a forma como produzimos alimento, sem necessitar da aplicação desses defensivos”, explicou.

O biólogo ainda lembra da importância do inseto para o lucro do grande produtor. No Brasil, há cerca de 3 mil espécies de abelhas. Alguns cultivos, como o melão e a maçã, são polinizados por apenas um tipo, e o desaparecimento da abelha da região significaria o fim da produção.

“O agricultor, por falta de conhecimento, só pensa em fertilizante e adubos. Mas não sabe que a abelha é a maior responsável por manter sua colheita. Agora, se não há comida, elas não ficam no local. Por isso, é importante aliar a plantação a corredores de florestas, construindo habitats apropriados aos insetos”, concluiu o biólogo.

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O MAP continua e as análises também. O relatório completo está disponível no site do Colmeia Viva e o telefone para denúncias e dúvidas é o 0800 771 8000.

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