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Arqueólogos acham inscrições milenares com idioma desconhecido

Tábua de argila encontrada por pesquisadores na Turquia tem 2.800 anos

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h37 - Publicado em 12 Maio 2012, 16h04

Lishpisibe, Bisinume e Sasime são alguns dos exóticos nomes de mulheres encontrados em uma tábua de argila gravada durante o Império Assírio, há 2.800 anos, e que permitiram conhecer uma língua desconhecida até o momento.

“Sabemos que são nomes de mulheres porque cada um é antecedido pelo símbolo assírio cuneiforme que indica um nome feminino”, explicou John MacGinnis, membro da equipe de arqueólogos responsáveis pelo achado e que publicou o resultado de suas pesquisas no último número do Journal of Near Eastern Studies.

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ESCRITA CUNEIFORME

Surgiu no Oriente Médio por uma necessidade de comerciantes de identificar e quantificar os produtos. Em tábuas de argila os mercadores desenham os produtos e faziam marcas com a quantidade. Com o tempo, os desenhos foram substituídos por um código abreviado feitos com uma espécie de caneta de junco que marcava a argila como uma faca. Esse estilo de escrita ganhou o nome de cuneiforme e é a base das três línguas mais antigas do mundo: assíria, babilônica e suméria.

MacGinnis, professor da Universidade de Cambridge (Inglaterra), relatou que a tábua, escavada na jazida de Ziyaret Tepe, no sudeste da Turquia, foi descoberta em 2009 e apresenta uma inscrição no assírio habitual no império.

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Mas seu conteúdo é uma surpresa: a lista abrange 60 nomes relacionados com o registro do palácio de Tushan, residência de um governador do Império Assírio no século VIII a.C., e 45 deles têm uma origem diferente de qualquer língua registrada pelos arqueólogos. “Pela morfologia dos nomes é óbvio”, acrescentou, “que não correspondem ao assírio nem ao aramaico nem a nenhuma outra linguagem falada no Império Assírio do qual se tenha notícia.”

MacGinnis indicou que a lista se refere a um grupo de mulheres oriundas de uma região afastada e transferidas ao império, possivelmente à força, como era frequente naquela época. “Poderiam proceder dos Montes Zagros no Irã”, arriscou o professor, já que em outros documentos assírios há uma menção a um idioma chamado “mejranio”, que teria sido falado naquela região, então sob domínio assírio, mas do qual não se sabe nada mais.

Língua isolada – “Alguns dos nomes lidos são Lishpisibe, Bisinume, Sasime, Anamkuri, Alaqitapi, Rigahe”, explicou MacGinnis, que reconhece não ter pistas sobre o tronco linguístico ao qual poderiam pertencer. “Consultei um especialista e temos certeza de que não é uma língua irania (galho à qual pertence o curdo, falado atualmente na região)”, esclareceu.

Seria possível, especulou, que esteja relacionada com alguma das diversas línguas faladas atualmente no Cáucaso e que fazem parte de três troncos linguísticos completamente isolados de qualquer outro idioma. “Agora começa o trabalho dos linguistas modernos que conhecem os idiomas caucásicos e que talvez possam achar alguma relação”, disse o especialista.

Luta contra o tempo – Algumas tábuas em assírio são procedentes da antiga cidade escavada na jazida, mas a descoberta em 2009 é a única achada até agora no palácio, embora MacGinnis acredite que o edifício possa abrigar outras peças.

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O que não é possível saber ainda é se poderá encontrá-las: parte da jazida ficará submersa quando estiver completa a represa de Ilisu, no rio Tigre, um projeto hidráulico que está há anos em construção e que inundará uma vasta parte do vale fluvial. “Estamos trabalhando contra o tempo porque nos restam apenas duas temporadas: o governo turco nos confirmou que podemos continuar trabalhando este ano e no ano que vem, mas depois já não renovarão a permissão”, lamentou o professor.

A construção da represa, que inundará também o famoso povoado histórico de Hasankeyf e outras jazidas, foi atrasada em parte devido aos protestos internacionais, mas MacGinnis acredita que o governo turco está decidido a completá-la em breve, por isso que quer pôr fim aos trabalhos arqueológicos na região.

A tábua está conservada no museu de Diyarbakir, capital da província turca à qual pertence Ziyaret Tepe.

(Com Agência EFE)

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